Título: Polícia liberta duas das três pessoas que ajudaram na fuga
Autor: Trevissan, Cláudia
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/05/2012, Internacional, p. A13

Duas das três pessoas que ajudaram o ativista cego Chen Guangcheng a escapar de prisão domiciliar foram interrogadas e liberadas sem apresentação de nenhuma acusação formal contra elas. Segundo Hu Jia, que ajudou a planejar a fuga, os policiais reconheceram, durante seu interrogatório, que a conduta de Chen Guangcheng e dos envolvidos em seu resgate não viola a legislação chinesa.

Como a detenção do ativista em sua casa não tinha nenhum fundamento legal ou base em uma decisão judicial, ele não teria cometido nenhum crime ou contravenção ao fugir, ressaltou Hu. "Os agentes de segurança pública sentem-se constrangidos diante dessa situação, porque não podem encontrar uma base legal para seu comportamento. Eu senti isso na falta de confiança que demonstraram durante o interrogatório", disse Hu ao Estado, na noite de segunda-feira, em entrevista na estação ferroviária de Pequim, antes de tomar um trem para a Província de Anhui, onde faria um retiro budista.

"Eles só falavam 'nós queremos saber e confirmar o que aconteceu' e não mencionaram uma palavra sobre 'lei' ou 'violação da lei'", observou o dissidente, que passou por vários interrogatórios antes de ser condenado a 3 anos e 6 meses de prisão, em 2008, sob acusação de subversão.

Outro envolvido na fuga, Guo Yushan, foi liberado na segunda-feira, depois de três dias de detenção. Intelectual e defensor dos direitos civis, Guo acolheu Chen em Pequim, antes de o ativista ser levado a seu destino final, que se supõe seja a Embaixada dos EUA em Pequim.

A única pessoa que continuava detida ontem era He Peirong, a mulher que levou Chen da vila de Dongshigu até Pequim logo depois de sua fuga da prisão domiciliar. He liderava uma campanha pela libertação do ativista e já havia participado de manifestações em seu favor na vila rural