Título: Receita fraca pode forçar corte de gastos
Autor: Aiko Otta, Lu
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/05/2012, Economia, p. B5

Influenciada pela atividade econômica fraca neste início de ano, a arrecadação federal está abaixo do esperado pelo governo, segundo números preliminares que circulam na Esplanada. Se confirmados, eles poderão indicar a necessidade de um novo corte (contingenciamento) de gastos. Ou, na melhor das hipóteses, a impossibilidade de reverter, no curto prazo, o bloqueio de R$ 55 bilhões em despesas feito no início deste ano.

A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, admitiu que a receita administrada está "um pouco abaixo" da previsão do governo, mas disse que há outros mecanismos para equilibrar o Orçamento da União neste ano. Miriam afirmou também que "em princípio" não há expectativa de mudança no contingenciamento anunciado para este ano.

"Estamos achando que, com os mecanismos que temos, conseguiremos ficar naquele limite. Vamos avaliar", disse a ministra, após participar de evento da marcha dos prefeitos, em Brasília. Miriam fez questão de frisar que os investimentos serão mantidos conforme anunciado anteriormente pelo governo e que esta é uma "questão-chave" para garantir o crescimento da economia neste ano.

A ministra não quis adiantar os números que serão divulgados até dia 20 deste mês da reavaliação bimestral do Orçamento de 2012, nem deu mais detalhes sobre a frustração nas receitas.

A avaliação predominante no governo é que a atividade econômica vai se recuperar no segundo semestre. Dessa forma, pode haver reação das receitas. Além disso, não está descartada a hipótese de haver receitas extraordinárias decorrentes de decisões judiciais.

O governo também poderá contar com mais dividendos de empresas estatais para compensar uma possível queda na arrecadação em relação à previsão original.

De acordo com a última programação financeira, a previsão é que as receitas líquidas somarão este ano R$ 908,3 bilhões. É um valor R$ 30,5 bilhões menor do que o estimado pelo Congresso Nacional.

Crise. Durante o evento ontem, Miriam afirmou que a economia brasileira tem boas condições para enfrentar a atual recaída da crise internacional. Para a ministra, o Brasil será um dos poucos países que crescerá mais em 2012 do que em 2011.

A ministra disse ainda que as medidas já adotadas, incluindo as do Plano Brasil Maior, terão efeitos sobre a economia. "Certamente, trarão resultado no segundo semestre, se espraiando para 2013", afirmou.

Miriam listou ainda aquilo que, segundo ela, são condições para o País enfrentar a crise, como o aumento da investimento e o fortalecimento do mercado interno. Ela destacou que a inflação está sob controle e que o País apresenta solidez fiscal.