Título: Desemprego cai, mas IBGE vê mercado parado
Autor: Amorim,. Daniela
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/05/2012, Economia, p. B4

A taxa de desemprego recuou de 6,2% em março para 6% em abril. Foi o menor nível para o mês desde o início da série histórica da Pesquisa Mensal de Emprego, em março de 2002, segundo o IBGE. Apesar de a massa salarial e de a renda média do trabalhador terem recuado em relação ao mês anterior, o resultado geral foi recebido por analistas como uma prova de que o mercado de trabalho continua vigoroso.

"A taxa de desemprego ficou ainda mais baixa do que estávamos esperando. O mercado de trabalho mostrou um bom desempenho, continua bastante aquecido. O resultado é muito positivo", afirmou Daniel Lima, economista da consultoria Rosenberg & Associados.

O número de pessoas ocupadas aumentou 0,3%, o equivalente a 63 mil novos empregados, enquanto o número de pessoas buscando trabalho caiu 2,5%, o mesmo que 38 mil desocupados a menos. No entanto, o gerente da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, diz que o mercado ainda não voltou a contratar: "Esse número não varia estatisticamente. O mercado de trabalho está parado; significa que deixou de dispensar trabalhadores".

A boa notícia é que o aumento na ocupação foi superior ao crescimento da população, de 0,1% em relação a março. "A ocupação está subindo acima da população em idade ativa, ou seja, está entrando mais gente no mercado de trabalho do que tem gente nascendo. Isso é um bom sinal", declarou o gerente do IBGE.

Rendimentos. Em abril, o rendimento médio dos empregados foi de R$ 1.719,50, após ter atingido R$ 1.740,10 em março, um recuo de 1,2%, o primeiro desde setembro do ano passado.

Mas a queda pode estar relacionada tanto a um ajuste após o forte aumento na renda nos primeiros meses do ano, a reboque do reajuste do salário mínimo, como à contratação de novos trabalhadores, que normalmente chegam às empresas ganhando menos do que os empregados mais antigos.

"O poder de compra cai no curto prazo, mas, no longo prazo, está com crescimento bastante expressivo", explicou Azeredo. Na comparação com abril do ano passado, a renda média do trabalhador aumentou 6,2%.

A massa de salários pagos aos empregados teve um aumento ainda maior, de 8% em relação a abril de 2011. "Isso significa que a demanda está aquecendo ao longo do ano e que o custo unitário do trabalho estará aumentando fortemente, o que diz que vamos ter o setor industrial cada vez menos competitivo", avaliou José Márcio Camargo, economista-chefe da Opus Investimentos e professor da PUC-Rio.

Enquanto o setor de construção deu um salto nas contratações em abril, a indústria voltou a dispensar trabalhadores. O aumento nas vagas na construção foi de 4,7% em relação a março, um adicional de 84 mil vagas.

A indústria, por sua vez, teve um recuo de 1,6% nas vagas, o que representou menos 58 mil postos de trabalho. "A questão é que o emprego no setor industrial tende a pagar melhores salários que nos serviços e na construção", atentou Camargo.