Título: Governo vai reforçar de novo linha do BNDES para capital de giro
Autor: Rodrigues, Eduardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/06/2012, Economia, p. B3

Com a economia brasileira rodando abaixo do ritmo esperado e cada vez mais distante da meta de crescimento para 2012, o governo planeja reforçar pela segunda vez no ano as linhas de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para capital de giro, subsidiadas pelo Tesouro Nacional.

Técnicos do banco de fomento participaram de reuniões no Ministério da Fazenda na semana passada e a injeção de recursos nessa modalidade também pode ser acompanhada de uma nova redução nas taxas de juros.

Fontes da equipe econômica avaliam que os próximos passos da política de estímulos ao setor produtivo não devem ser dados por meio de novos pacotes de medidas amplas e inéditas, mas sim por uma série de ajustes em iniciativas que já estão - ou deveriam estar - funcionando.

Um dos primeiros instrumentos a passar pela calibragem do governo poderá ser o capital de giro usado pelas companhias para desafogar o caixa e dar fôlego à produção. O relançamento do Programa Brasil Maior, em abril, já havia tentado dar novo fôlego à principal linha de giro do BNDES, chamada de Progeren.

O limite total de R$ 5 bilhões foi ampliado para R$ 15 bilhões até o fim de 2012, e as taxas de juros, que variavam de 10,5% ao ano a 13%, foram reduzidas para o intervalo entre 9% e 11%. Além disso, o teto para endividamento na linha saltou de R$ 20 milhões para R$ 50 milhões.

Passados apenas dois meses desde a mudança, a avaliação de parte do mercado é de que a deterioração do cenário econômico mundial acelerou a retração do crédito nos bancos privados e, em consequência disso, já haveria a necessidade e a oportunidade para que o governo volte a fazer uma sintonia fina na linha. Considerada imprescindível para dar fluxo financeiro às empresas enquanto o consumo não volta a subir, o custo da modalidade de financiamento está entre os mais caros para as companhias.

'Giro externo'. Outra linha que pode ser novamente beneficiada é a voltada à exportação pelas grandes empresas. No pacote de abril, os juros anuais da modalidade caíram de 9% para 8%, e o volume de recursos disponíveis passou de R$ 1,24 bilhão para R$ 3,1 bilhões. Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a linha do banco funciona para as empresas que têm a maior clientela fora do País praticamente como a de capital de giro atua para dar fôlego às companhias primordialmente voltadas ao mercado interno.

O Tesouro vai capitalizar o BNDES em R$ 45 bilhões este ano para o Programa de Sustentação dos Investimentos (PSI), mas a baixa procura dos industriais pela modalidade pode abrir espaço para que parte dos recursos sejam direcionados também para turbinar o limite de empréstimos para giro.

A expectativa é que os primeiros R$ 10 bilhões sejam injetados no BNDES em junho.