Título: Queda da inflação dá liberdade para reduzir juros, diz Mantega
Autor: Veríssimo, Renata ; Froufe, Célia
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/06/2012, Economia, p. B3

Ministro da Fazenda avaliou que resultado do IPCA, alta de 0,36% em maio em relação a abril, \"foi muito bom\"

O baixo crescimento da inflação em maio, apontado ontem pelo IBGE, abre mais espaço para que o Banco Central continue na trajetória de redução da taxa básica de juros (Selic). O resultado corroborou com os cenários traçados pelo BC e mostrou, segundo analistas, o acerto da decisão da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que reduziu os juros em 0,5 ponto porcentual, para 8,5% ao ano.

"Significa que a inflação anualizada em 12 meses está abaixo de 5%, portanto está caindo em relação ao ano passado, e isso nos dá graus de liberdade para ter uma política monetária mais flexível, ou seja redução de taxas de juros e aumento do crédito", afirmou o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Ele avaliou que a alta do IPCA de apenas 0,36% em maio em relação a abril "foi muito bom".

O Banco Central segue reduzindo os juros para reativar a demanda, fator considerado indispensável pelo governo para atenuar os efeitos da crise internacional. Mantega disse que já foi detectado o aumento do crédito no mês de maio e avaliou que este movimento, junto com a redução das taxas de juros, continuará em junho. "Isto já está estimulando o consumo e o investimento. De forma que já temos resultados positivos inclusive de maio", afirmou.

Caminho livre. A Rosenberg Consultores Associados avaliou que o Banco Central deve seguir "caminho livre para mais cortes na taxa de juros".

Também avisou que colocou para revisão de baixa a projeção de 5,2% para o IPCA este ano.

"Vale ressaltar que, para que o acumulado em 12 meses do IPCA continue em processo de arrefecimento, o resultado do mês de junho não pode ser superior a 0,15%, o que tem reais possibilidades de acontecer caso o impacto da queda do IPI sobre automóveis seja expressivo. Mais uma vez a inflação tira o mercado para dançar", afirma o relatório da Rosenberg.

A Gradual Investimentos também enfatizou o espaço para novas reduções de juros. A corretora avalia ainda que o BC estava correto na sua avaliação sobre o cenário inflacionário e criticou as afirmações de que as decisões sobre juros estavam seguindo ordens da presidente Dilma para estimular a economia em detrimento do controle da inflação.

"Vemos que o mix fiscal e monetário foi pensado com muito cuidado desde o início do atual mandato e se alguém se submeteu à alguém foi o Planalto ao BC. Os resultados fiscais estão consistentes sim, apesar de não serem (como nunca serão) ideais", afirmou o economista-chefe da Gradual, André Perfeito, no relatório.