Título: Aumentam estoques de carvão e de máquinas
Autor: Trevisan, Claúdia
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/07/2012, Economia, p. B6

Economia chinesa vem perdendo fôlego há cinco semestres, e a situação tem piorado de maneira acelerada desde abril

Os estoques de carvão na China estão em um dos mais altos níveis da história, refletindo a queda no consumo de energia provocada pela acentuada desaceleração no crescimento da segunda maior economia do mundo. Em outro sinal do impacto da crise, fabricantes de máquinas pesadas usadas na construção civil enfrentam o aumento de seus estoques e a piora de sua situação financeira, diante da dificuldade de seus clientes em honrarem pagamentos.

Principal motor da expansão mundial depois do terremoto que se abateu sobre os países desenvolvidos, a China vem perdendo fôlego há cinco semestres. Os dados do período abril-junho serão divulgados na sexta-feira e deverão mostrar novo tropeço, com crescimento em torno de 7,6%, comparado a 8,1% do período anterior.

Apesar de a velocidade de expansão estar se reduzindo desde o ano passado, a situação piorou de maneira acelerada a partir de abril, com enfraquecimento de todos os indicadores econômicos. "O ritmo da desaceleração é bastante rápido, mais rápido do que esperávamos", disse ao Estado Zhao Xianwei, analista-chefe de macroeconomia da Galaxy Futures.

Segundo ele, os dois dados mais preocupantes são a produção industrial e os investimentos. "Esses dois índices refletem a situação da economia, porque o setor manufatureiro ainda é o seu principal pilar", observou.

Em abril, a produção industrial caiu para a casa de um dígito e fechou em 9,3%. No mês seguinte, ficou ligeiramente acima, em 9,6%. Segundo Zhao, o patamar "normal" na China é de 15%.

Exportação. O Índice de Compra de Gerentes, divulgado no dia 1.º de julho, mostrou nova piora da atividade industrial, que sofreu o impacto da maior queda nos pedidos de exportação desde a crise financeira global de 2008/2009.

Os investimentos também estão abaixo do patamar histórico da China, mas esboçaram tímida reação no último mês.

O principal fator para a pequena expansão foi o crescimento nos investimentos no setor imobiliário, que passaram de 9,2% em abril para 18,2% em maio. As vendas de imóveis reagiram e os preços tiveram o primeiro aumento em dez meses.

O setor é fundamental para sustentar o crescimento, mas é alvo de uma série de medidas restritivas adotadas há mais de dois anos pelo governo com o objetivo de desinflar a bolha imobiliária. Mesmo com a desaceleração no crescimento, não há sinal de que o governo irá relaxar as medidas de contenção.

E um eventual aquecimento do mercado poderá colocar as autoridades diante do dilema de ter de conter o setor imobiliário em momento de debilidade econômica. / C.T.