Título: Emprego e renda evitam desempenho pior
Autor: Veríssimo, Renata ; Fernandes, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/07/2012, Economia, p. B1

A geração de emprego e o aumento da renda dos brasileiros evitaram que a arrecadação da Receita no primeiro semestre tivesse um desempenho ainda mais fraco por causa da desaceleração do crescimento do País este ano.

Dados divulgados ontem mostraram que 73,21% do aumento da arrecadação das receitas administradas pela Receita no período foram obtidos com o recolhimento da contribuição para a Previdência Social. Dos R$ 14,58 bilhões do aumento de arrecadação no primeiro semestre, R$ 10,67 bilhões foram graças à essa contribuição.

Se não fosse o dinheiro obtido com o esse tributo, que somou na primeira metade do ano R$ 141,66 bilhões, o governo estaria hoje enfrentando problemas ainda mais sérios com a arrecadação, que sofre com a queda da lucratividade das empresas, principalmente do setor industrial.

Monitoramento feito pela Receita mostrou que a arrecadação dos dois tributos que incidem sobre o lucro - o Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) - apresentou queda de R$ 4 bilhões em abril, maio e junho. A análise desse trimestre foi escolhida porque a arrecadação desses dois tributos a partir do segundo trimestre já não sofre efeitos do lucro das empresas no ano passado.

No primeiro semestre, as receitas com o IRPJ e o CSLL, que sempre puxaram a alta da arrecadação, subiram apenas 4,7%.

O desempenho ruim deve continuar. Para piorar o quadro, a Contribuição para a Seguridade Social (Cofins) e o PIS, tributos considerados termômetros do nível da atividade econômica, tiveram alta modesta de 2,9% no ano, com expansão de apenas R$ 2,97 bilhões no primeiro semestre ante igual período de 2011.

Otimismo. Apesar da frustração com a arrecadação do IRPJ e da CSLL, a Receita continua otimista com o desempenho da contribuição previdenciária. Segundo a secretária adjunta Zayda Manatta, o cenário para a arrecadação da contribuição é positivo porque a massa salarial continua aquecida no País.

Pelas projeções da Receita, o governo deve arrecadar até o fim do ano R$ 272,3 bilhões com a contribuição, 10,74% a mais do que no ano passado. Até junho, o aumento foi de 8,15%. / A.F. e R.V.