Título: CPI está imune a luta partidária, afirma presidente
Autor: Brito, Ricardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/07/2012, Nacional, p. A9

Em balanço, Vital do Rêgo diz que tensão entre PT e PSDB "não torna trabalhos inviáveis"; ele evita, porém, opinar sobre convocações de Perillo e Wilder

O presidente da CPI do Cachoeira, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), afirmou ontem que a disputa entre tucanos e petistas não vai atrapalhar os trabalhos da comissão parlamentar que investiga as ligações políticas do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. "Não pode e não vai tornar inviáveis os trabalhos", disse, ao fazer um balanço do trabalho da CPI após três meses.

Vital não quis opinar se a comissão deveria reconvocar o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), para explicar as novas acusações de que teria firmado um compromisso com a Delta Construções, intermediado por Cachoeira, quando negociou a venda de uma casa, em um condomínio de luxo em Goiânia.

O presidente da CPI afirmou que o "núcleo da quadrilha" está em Goiás. "Não sou eu que estou dizendo, qualquer criancinha sabe disso, ela nasceu lá", afirmou Vital. Mas o senador ressalvou que isso não é "fator determinante" para Perillo voltar ou não a ser ouvido. "Não tenho convicção disso, até porque espero o que a CPI vai analisar."

Um requerimento do senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) pede a reconvocação de Perillo. O PT, ao contrário, defende o impeachment do governador, sem nova passagem pela CPI.

Opinião. Questionado se é recomendável que o vice-presidente da CPI, deputado Paulo Teixeira (PT-SP), defenda o indiciamento de Perillo, Vital respondeu: "O Paulo me afirmou que fez um comentário como membro da CPI, não como vice-presidente".

O presidente da comissão também se recusou a comentar o pedido de convocação de Wilder Morais (DEM-GO), o suplente do senador cassado Demóstenes Torres (ex-DEM, sem partido-GO) que foi empossado na semana passada. Grampos feitos pela Polícia Federal indicam que Wilder deveria a suplência de Demóstenes a Cachoeira. "A presidência não versa sobre conceitos isolados de requerimentos. A presidência se pronuncia depois de requerimentos aprovados."

Vital também foi questionado sobre o assassinato do policial federal Wilton Tapajós Macedo, morto anteontem em um cemitério de Brasília - ele participou da Operação Monte Carlo, que levou à prisão de Cachoeira, em fevereiro. Ele disse ter acionado delegados da PF destacados para atuar na CPI para acompanhar os desdobramentos do caso.

O senador não quis dizer se vê relação entre o crime e a Monte Carlo. "Eu não posso me antecipar ao trabalho da polícia", afirmou. Mas Vital rechaçou qualquer hipótese de comprometimento da CPI após o homicídio. "Não há nenhuma ameaça, não há nenhuma intimidação."

Balanço. Segundo números divulgados ontem por Vital, a CPI realizou 21 reuniões, das quais 14 para ouvir testemunhas e outras 7 de caráter administrativo, nas quais são votados requerimentos de quebra de sigilo e convocação de pessoas. Desse total, 13 depoentes permaneceram calados, 9 responderam aos questionamentos e outros 2 deram depoimentos parciais.

-------------------------------------------------------------------------------- adicionada no sistema em: 19/07/2012