Título: Previsão é de placar apertado, sejam ou não os réus absolvidos
Autor: Recondo, Felipe ; Macedo, Fausto
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/08/2012, Nacional, p. A4

Nas repartições do Supremo Tribunal Federal é comum presenciar apostas variadas sobre o resultado do julgamento do mensalão. Até ministros ativos e aposentados aventuram-se a dar palpites sobre se haverá ou não condenações de acusados de envolvimento no esquema de corrupção mais documentado da política federal brasileira.

A bolsa de apostas é alimentada pelo fato de ninguém ser capaz neste momento de garantir se haverá condenação ou absolvição. O que todos têm certeza é de que o placar será apertado, diferentemente do que ocorreu na quinta-feira, quando o STF rejeitou por maioria expressiva (9 votos a 2) a proposta do advogado e ex-ministro da Justiça Marcio Thomaz Bastos de transferir para a Justiça de primeira instância as partes do processo relacionadas aos réus que não exercem mandato parlamentar.

No caso das acusações, argumenta-se que há motivos suficientes tanto para condenar quanto para absolver. Por essa razão, o placar das votações deverá ser apertado, como 6 votos a 5 ou 7 votos a 4. O STF tem 11 ministros. Há quem acredite que a maioria dos ministros seguirá o relator, Joaquim Barbosa, que já deu demonstrações que condenará réus. Mas alguns integrantes e ex-integrantes do tribunal estão céticos. Confessam em conversas reservadas que somente deverão ser condenados "os bagrinhos" do esquema. Se Gurgel conseguir convencer a maioria dos ministros a condenar José Dirceu e o restante dos réus, será afastado um fantasma que ronda a Procuradoria-Geral da República desde 1994. Na ocasião, o Supremo absolveu por falta de provas o ex-presidente Fernando Collor de Mello e outros réus acusados de envolvimento no chamado esquema PC. / MARIÂNGELA GALLUCCI