Título: Em discurso, Obama pede mais tempo para levar os EUA a um lugar melhor
Autor: Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/09/2012, Internacional, p. A13

Mensagem democrata. Presidente encerra convenção de seu partido em Charlotte, na Carolina do Norte, com ênfase na economia e afirmando que disputa nas urnas em novembro será 'uma escolha entre duas visões de mundo totalmente diferentes'

Ao fechar ontem a convenção democrata em Charlotte, o presidente dos EUA, Barack Obama, tentou resgatar o entusiasmo da militância do partido e apresentar as razões pelas quais merece ficar mais quatro anos na Casa Branca. Em seu discurso, ele pediu mais tempo para tirar o país da crise e citou algumas promessas cumpridas em seu primeiro mandato, como o fim da guerra no Iraque e a reforma do sistema de saúde do país.

Segundo o presidente, a eleição de novembro será uma escolha entre duas visões de mundo. "Em cada tema, a escolha diante de vocês não será apenas entre dois candidatos ou dois partidos", declarou. "Será uma escolha entre dois caminhos diferentes para os EUA. Não vou fingir que o caminho que ofereço é o mais rápido ou o mais fácil, mas ele leva a um lugar melhor", disse o presidente. "Vocês não me elegeram para que eu dissesse aquilo que vocês queriam ouvir. Vocês me elegeram para que eu dissesse a verdade."

Em um dos momentos mais aplaudidos, ele listou cinco metas para seu segundo mandato. "Peço que vocês se reúnam em torno de uma série de metas para o país: meta para indústria, energia, educação, segurança nacional e o déficit público. Um plano real e viável que levará à criação de mais empregos, mais oportunidades e reconstruirá a economia sobre uma sólida fundação", disse. "Isso é o que nós podemos fazer nos próximos quatro anos e, por isto, estou concorrendo a um segundo mandato como presidente dos EUA."

O maior desafio de Obama ontem era superar o impacto causado pelo discurso do ex-presidente Bill Clinton na noite de quarta-feira. O objetivo principal era atrair o eleitorado indeciso e independente, de quem necessariamente os democratas precisam para vencer Romney.

Apesar de indicadores econômicos ruins, Obama destacou como sua política de investimento em educação, na capacitação da mão de obra, em energia limpa e na inovação seriam cruciais para estimular o mercado de trabalho e como todas elas estariam em risco com a eleição do republicano Mitt Romney.

O adversário foi alvo em vários momentos, especialmente quando Obama acusou o rival de não estar preparado para a diplomacia internacional. "Não é possível dizer que a Rússia - não a Al-Qaeda - seja o inimigo número 1 do país a não ser que você esteja preso no túnel do tempo da Guerra Fria", disse o presidente, em referência a uma das muitas gafes de Romney em política externa.

"Você não está pronto para a diplomacia com a China se você vai à Olimpíada e insulta nosso maior aliado", disse Obama, ironizando a declaração de Romney, às vésperas da abertura dos Jogos Olímpicos, de que a Grã-Bretanha não estaria preparada para receber o evento.

Aliados. O terreno de Obama foi preparado pelos discursos de sua mulher, Michelle, na terça-feira, e do ex-presidente Clinton, que fechou o segundo dia da convenção, na quarta-feira. A primeira-dama tentou "humanizar" o marido, contando histórias da vida pessoal e falando sobre as dificuldades do casal nos anos 70. Clinton, agora convertido numa espécie de "primeiro-amigo" de Obama, detalhou as medidas tomadas por ele para colocar a economia de pé, depois da crise de 2008, e justificou os resultados tímidos do governo.

"Nenhum presidente - nem eu nem meus antecessores - poderia resolver, em apenas quatro anos, todo o estrago que encontrou", disse o ex-presidente. Segundo o estrategista da campanha de Obama, David Axelrod, Clinton limpou o terreno para que o presidente pudesse falar sobre o "futuro" dos EUA.

O último dia da convenção democrata foi marcado por um desfile de estrelas do partido e celebridades de Hollywood. Entre os oradores estavam a atriz Scarlett Johansson, Charlie Crist, ex-governador republicano da Flórida, e o vice-presidente Joe Biden. Para animar a plateia de 20 mil pessoas, o dia começou com shows da banda Foo Fighters e do cantor James Taylor. As filhas do presidente, Sasha e Malia, saíram da escola, em Washington, e foram diretamente para o ginásio ver o discurso do pai.