Título: Comissão de Ética pede explicações a suspeitos
Autor: Monteiro, Tânia
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/12/2012, Nacional, p. A9

A Comissão de Ética Pública decidiu pedir explicações sobre as denúncias de tráfico de influência e venda de pareceres à ex-chefe do escritório da Presidência da República em São Paulo Rosemary Noronha. Segundo o presidente da comissão, Américo Lacombe,também estão sendo pedidas informações aos irmãos Paulo e Rubens Vieira, respectivamente diretores da Agência Nacional de Águas (ANA) e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), e do ex-número 2 da Advocacia-Geral da União (AGU) José Weber Holanda.

Os quatro têm 10 dias a partir do momento que receberem o pedido formal para encaminhar à comissão as informações. Segundo Lacombe, se for comprovado comportamento aético de Rose, ela pode sofrer “censura ética”, deixando de ser uma pessoa com “reputação ilibada”, o que poderia dificultar em novas contratações no serviço público. No caso dos irmãos Vieira e de Weber, eles podem ter a demissão de seus cargos permanentes recomendada pela comissão. Presidente da comissão, Lacombe não descartou a possibilidade de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, prestarem algum tipo de explicação sobre o tráfico de influência praticado em seu governo, conforme a Polícia Federal detectou. “Isso aí nós vamos ver depois. Por enquanto, temos de ir devagar, degrau por degrau. Primeiro vamos ouvir estes quatro cidadãos e ver o que eles têm a dizer.” Segundo Lacombe, a princípio, Adams apenas indicou o Weber e se ele não se comportou bem, ele não pode ser responsabilizado. “Então, por enquanto, não vimos nada contra Adams e há presunção de inocência. Até agora eu não vejo nada contra o Advogado-geral da União. Nada de sério. Pode ser que no futuro apareça, mas por enquanto não apareceu nada”, completou.

Lacombe declarou ainda que pediu à Justiça Federal cópia de todo o inquérito da Operação Porto Seguro para que a comissão tenha detalhes do processo. O objetivo é ver quem cometeu desvio ético. “Quem cometeu crime, cometeu desvio ético, mas muitas vezes quem não cometeu crime, pode ter tido um desvio ético. Como os focos são diferentes, nós precisamos analisar”, comentou.

A comissão poderá voltar a se reunir extraordinariamente entre os dias 16 e 17 de dezembro, para dar prosseguimento ao caso. Para isso, é preciso que recebam as respostas de Rose, dos - irmãos Vieira e de Weber, para definirem pela abertura de procedimento de avaliação de comportamento ético.

Lacombe lembrou que no caso de Paulo Vieira, ele já havia sido advertido pela Comissão de Ética que não poderia continuar acumulando a função de diretor da ANA e membro do conselho de administração da companhia Docas do Estado de São Paulo. “Ele j á deveria ter deixado o cargo”, afirmou.