Título: Sarney pode retornar ao Planalto por dois dias
Autor: Moura, Rafael Moraes ; Monteiro, Tânia
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/12/2012, Nacional, p. A12

\Depois de 22 anos, o senador José Sarney (PMDB-AP) pode­rá voltar à cadeira de presiden­te da República. Terceiro na li­nha de sucessão, o presidente do Senado deve ocupar o Palá­cio do Planalto por dois dias, na próxima semana.

Amanhã, a presidente Dilma Rousseff embarca para a França e depois segue viagem para a Rús­sia. Quem assumirá o cargo é o vice-presidente Michel Temer, primeiro na linha de sucessão do Executivo. O peemedebista, no entanto, deve ficar os dias 14 e 15 em Lisboa, para as comemorações do Ano do Brasil em Portugal. A Presidência passaria a ser j ocupada pelo deputado Marco : Maia (PT-SP), presidente da Câ­mara. Só que o petista também está com viagem ao exterior pre­vista, relacionada a um evento do Mercosul, também nos dias 14 e 15. Com isso, Sarney retorna­ria ao gabinete que ocupou de março de 1985 a março de 1990.

Homenagem. Essa Presidên­cia interina de Sarney seria uma "homenagem" de Dilma ao aliado. Assessores do Planal­to e do Senado, no entanto, ne­gam que a composição seria uma tentativa de fazer um agra­do ao senador no momento em que ele poderá ser instado a co­locar em votação a derrubada do veto presidencial ao projeto dos royalties do petróleo. Dilma está preocupada com a mobilização dos governadores de Estados não produtores de petróleo, capitaneados pelo cearen­se Cid Gomes (PSB), que que­rem derrubar o veto e garantir a distribuição dos recursos como aprovado pelo Congresso. No grupo de governadores descon­tentes com a versão final da lei, que mantém a distribuição dos royalties de campos de explora­ção já licitados, está a filha de Sar­ney, Roseana (PMDB-MA).

Embora a derrubada do veto seja uma manobra considerada difícil de ser concretizada - são necessários os votos de 257 de­putados e 41 senadores -, o Pla­nalto foi alertado sobre o riscodisso ocorrer e tenta agora uma aproximação com Sarney.

Parceria.

No início da semana, Dilma esteve em São Luís, quan­do destacou a parceria do Planal­to com o Estado e tratou Sarney como uma das "mais destacadas personalidades" maranhenses. A presidente também agradeceu as "iniciativas que, na liderança do Senado, ele tem propiciado ao Brasil". No Palácio dos Leões, se­de do governo, a presidente rece­beu as medalhas da Ordem dos Timbiras e Manoel Bequimão, concedidas respectivamente pe­lo governo do Estado e pela As­sembleia Legislativa.