Título: Inflação acelera para 0,6%, acima do esperado
Autor: Amorim, Daniela
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/12/2012, Economia, p. B8

Resultado de novembro fez economistas elevarem previsões para 2012 e 2013

A inflação oficial ficou acima do esperado em novembro. A alta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 0,60%, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado fez economistas elevarem suas previsões para a taxa no ano e em 2013.

"Foram vários focos de pressão, como passagens aéreas, energia elétrica. Mas, embora o IPCA não tenha vindo como esperávamos, não acho que existam preocupações no longo prazo", avaliou Priscila Godoy, economista da Rosenberg & Associados.

Em novembro, o principal vilão da inflação foi o item passagens aéreas, que ficaram 11,80% mais caras. A contribuição foi de 0,06 ponto porcentual no IPCA do mês. "Tivemos vários feriados no mês de novembro, e, em geral, a disponibilidade de tarifas maiores aumenta quando os feriados são mais frequentes. E as companhias aéreas estão também fazendo um repasse de custos este ano. De janeiro a novembro, o querosene de aviação subiu 12%", explicou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE.

O item puxou também o resultado do grupo transportes, que passou de uma alta de 0,24% em outubro para 0,68% em novembro. Mas houve influência ainda de aumentos na gasolina (1,18%), etanol (0,63%) e automóveis novos (0,52%).

"Esse aumento na gasolina se deve principalmente a Curitiba, que teve alta de 12,71% em novembro, e a Salvador, de 4%", disse Eulina, para quem os preços do combustível nas regiões onde houve reajuste estavam defasados.

Em novembro, pesaram mais no bolso do consumidor a energia elétrica e o empregado doméstico. O grupo alimentação e bebidas registrou desaceleração significativa (de 1,36% em outubro para 0,79% em novembro), mas ainda teve a maior contribuição para a o IPCA do mês, cerca de um terço da taxa. As carnes subiram menos, e alguns alimentos chegaram a ficar mais baratos, como alho, feijão, açúcar cristal, batata inglesa, cebola, cenoura e tomate.

"Acho que os preços dos alimentos voltam a acelerar em dezembro. Espero aumentos no tomate, feijão e carnes. E tem a alta sazonal de alimentação fora de casa, que costuma acelerar nos meses finais do ano, por causa da demanda", previu Fábio Romão, economista da LCA Consultores Associados.

Cigarro forte. Para dezembro, há ainda a expectativa do impacto de um novo reajuste nos preços dos cigarros. Em novembro, houve um aumento de 17% no preço do produto em sete das 11 regiões pesquisadas pelo IBGE. Como a alta só ocorreu no dia 25, não foi totalmente absorvida pelo indicador. O preço do cigarro subiu 0,60% no mês. "O cigarro vem forte em dezembro", disse Eulina.

No ano, o produto já ficou 20,72% mais caro, devido ao aumento no IPI em maio, determinado pelo governo. Como resultado, o cigarro aparece na lista dos 10 principais impactos no IPCA do ano, com uma contribuição de 0,16 ponto porcentual para a inflação de 5,01% registrada no período. O novo reajuste antecipa a próxima rodada de elevação do IPI sobre o setor de tabaco, que entrará em vigor em 1º de janeiro de 2013.

De acordo com o IBGE, a inflação de dezembro absorverá também um resíduo do reajuste de tarifa de energia no Rio de Janeiro e da taxa de água e esgoto em São Paulo.

O Bradesco revisou suas projeções de inflação de 5,39% para 5,70% este ano, e de 5,31% para 5,50% em 2013. Já a LCA Consultores Associados reajustou sua projeção de 2012 de 5,50% para 5,70%, mas manteve a de 2013 a 5,20%. A consultoria Tendências mudou a aposta para o IPCA deste ano de 5,40% para 5,62%. Para 2013, a projeção segue em 5,4%, mas com viés de alta.