Título: Criação de emprego cai em novembro
Autor: Warth, Anne
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/12/2012, Economia, p. B9

O ritmo de criação de empre­gos formais desacelerou em novembro. O governo regis­trou a criação de 46.095 vagas com carteira assinada, 36,6% a menos que o volume gerado em novembro de 2011, confor­me dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempre­gados (Caged). Foi o pior sal­do do ano e o último dado mensal positivo, conforme ex­pectativa do próprio Ministé­rio do Trabalho.

O resultado foi bem avaliado pelos analistas, pois ficou acima das projeções esperadas pelo mercado, mas ficou abaixo da média observada para o mês nos últimos cinco anos, de 102,3 mil segundo a LCA Consultores. O economista Rafael Bacciotti, da consultoria Tendências, avalia que os dados, mesmo defasados, indicam um quadro um pouco mais favorável para o emprego formal, conforme a Pesquisa Mensal de Emprego, do IBGE, já havia apontado.

Até novembro deste ano, o País soma 1.771.576 empregos formais criados, um recuo de 23,6% em relação ao resultado dos 11 primeiros meses de 2011, em que 2,32 milhões de postos foram abertos. Também foi o pior saldo para o período desde 2009, quando 1,68 milhão de va­gas no mercado formal foram criadas.

A previsão do Ministério do Trabalho é de que o ano se encer­re com a geração de 1,47 milhão de postos de trabalho. Ou seja, em dezembro, quase 400 mil pessoas devem ser dispensadas. Tra­dicionalmente, o volume de demissões supera o de admissões no último mês do ano, devido ao desligamento de trabalhadores temporários contratados para o Natal e o Ano Novo.

Segmentos. Apenas dois de oi­to setores de atividade apresenta­ram aumento de vagas formais de trabalho: Comércio, com a criação de 109.617 empregos, e Serviços, com 41.538. Os demais registraram retração. O que mais encolheu np mês passado foi o da Construção Civil, com o fecha­mento de 41.567 vagas, seguido por Agricultura, com 32.733 postos a menos, e Indústria de Trans­formação, com 26.110.

Para a LCA, o comportamento do emprego nos Serviços e no Comércio demonstra que alguns se­tores estão aquecidos, a despeito da desaceleração da atividade econômica. A consultoria desta­cou, porém, que o desempenho entre os segmentos continua bastante desigual. A indústria voltou a demitir e registrou um sal­do pior que a média para o mês dos últimos cinco anos.

Entre as regiões, o Sul, o Su­deste e o Nordeste registraram saldo positivo de empregos no ano - respectivamente, 29.562, 17.946 e 17.067 vagas. Já o Centro-Oeste registrou o fechamen­to de 14.820 postos de trabalho, e o Norte demitiu 3.660 traba­lhadores.

São Paulo foi responsável pela criação de 7.203 postos de traba­lho, atrás do Rio Grande do Sul, com 15.759; Rio de Janeiro, com 13.233; e Santa Catarina, com 8.046. O Paraná abriu 5.757 va­gas, e a Bahia, 5.695. Os Estados que fecharam maior quantidade de empregos no mês passado foram Goiás, com 8.649; Mato Grosso, com 5.910; e Minas Ge­rais, com 4.435.

Com a retomada do cresci­mento econômico a taxas mais elevadas em 2013, a maioria dos setores deve registrar aumento da ocupação, segundo relatório elaborado pelo Bradesco. Se es­se movimento se confirmar, com a restrição na oferta de mão de obra, as pressões do mercado de trabalho sobre a inflação ten­dem se manter no ano que vem.