Título: Políticos vão comandar fórum de Davos este ano
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/01/2013, Economia, p. B14

Evento receberá 50 chefes de Estado e governo que discutirão como pôr a economia global nos trilhos; problema é que cada um tem uma estratégia

Saem os banqueiros. Entram os políticos. O Fórum Econômico de Davos abre as portas na semana que vem, do dia 23 a 27, na busca desesperada por um receita para recolocar a economia global de volta no caminho do crescimento. O problema, segundo os próprios organizadores, é que aparentemente o mapa para sair da crise foi perdido, enquanto o "egoísmo" de países e uma "fadiga da globalização" estariam ganhando terreno.

O evento que já foi o arauto da perfeição do modelo econômico, hoje - em busca também de uma redefinição do seu papel - se apresenta como o "laboratório ideal" para que estratégias sejam debatidas.

O encontro na estação de esqui da Suíça terá a recuperação econômica no centro das atenções, numa agenda fortemente dominada pela crise europeia e disputas de opinião cada vez mais acirradas sobre o receituário para tirar o mundo da crise.

Mas, se originalmente foram os bancos que jogaram o planeta no caos, agora os políticos são chamados para traçar uma saída. Não por acaso, a edição 2013 do evento contará com um número recorde de chefes de Estado e de governo, cerca de 50 deles, além de mais de 300 ministros. A lista inclui Dmitry Medvedev, David Cameron, Angela Merkel e Mario Monti. Estarão também presentes o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, e a diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde. Já Dilma Rousseff recusou o convite.

Todos levarão ao evento o mesmo discurso: o crescimento. O problema é que cada um conta com uma estratégia diferente. "Precisamos sair do clima de crise", alertou Klaus Schwab, fundador do fórum e que estabeleceu o "dinamismo resistente" como tema do evento deste ano. Na agenda ainda estarão temas diversos como a guerra na Síria e obesidade.

Davos admite que, entrando no quinto ano de crise, o mundo não conseguiu fazer as reformas que necessitava para voltar a dar dinamismo à economia internacional. "Por enquanto, o que fizemos foi pouco", admitiu Schwab. "Só conseguimos dar passos pequenos. Com a crise, países estão mais egoístas e todos tentam encontrar soluções nacionais para seus problemas."

Sob tensão. Uma das preocupações de Davos está relacionada com o aumento de barreiras ao comércio, uma estratégia amplamente usada pelo Brasil nos últimos meses. Se não bastasse, a revelação de que os emergentes podem não crescer o suficiente para manter a economia mundial fora de uma recessão adicionam tensão no cenário internacional.

"Estamos bloqueados sobre como lidar com os problemas globais. Há uma fadiga no globalismo. Até mesmo um retrocesso", alertou Schwab. "Precisamos olhar o futuro, recriar o globalismo. Outra tarefa será a de reconstruir a confiança entre líderes. "Está claro que o futuro da economia depende do restabelecimento da confiança."

Além dos políticos, Davos receberá 1,5 mil executivos. Já a participação latino-americana será pífia. Apenas Guatemala, Gosta Rica e Panamá mandam seus chefes de Estado.