Título: Denúncias contra presidente serão arquivadas, diz Jucá
Autor: Gallucci, Mariângela
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/02/2013, Nacional, p. A6

Estratégia de aliados de Renan é passar o "rolo compressor" contra representações levadas ao Conselho de Ética

Ricardo Brito/ Brasília

Os aliados do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) estão decidi­dos a passar o rolo compressor sobre eventuais pedidos de inves­tigação contra o novo presidente do Senado. A estratégia é arqui­var sumariamente qualquer re­presentação que venha a ser apre­sentada ao Conselho de Ética para apurar denúncia de que o peemedebista não tinha, em 2007, patrimônio suficiente para justi­ficar os gastos com despesas pes­soais decorrentes de um relacio­namento extraconjugal.

"Vamos arquivar", disse on­tem o senador Romero Jucá (PMDB-RR). Na época do escân­dalo, Renan foi acusado de ter esses gastos bancados por lobista de uma empreiteira e acabou renunciando à presidência do Senado para escapar de ter o mandato cassado. "Não adianta ficar remoendo o passado. Isso é matéria vencida e discutida no Senado", emendou Jucá.

Ele argumentou que Renan já foi absolvido pelas urnas ao se reeleger para o Senado em 2010. "Renan não pode ser presidente condenado, mas investigado não tem problema", disse Jucá, destacando que o próprio procu­rador-geral da República, Rober­to Gurgel, é alvo de pedido de investigação no Senado.

É com base no argumento de que Renan j áfoi alvo de investiga­ção da denúncia apresentada por Gurgel ao Supremo Tribunal Federal que seus correligioná­rios planejam arquivar qualquer pedido de apuração no Conse­lho de Ética. A estratégia é pôr no comando do Conselho um peemedebista aliado de Renan. Até agora, nenhum partido anun­ciou a apresentação de represen­tação contra Renan. O PSOL só irá se posicionar sobre o assunto depois do carnaval.

A apresentação de pedido de investigação contra Renan é um dos temores de seus colegas de Senado. A avaliação é que o caos será instalado na Casa, caso isso venha a ocorrer. A preocupação cresceu depois que o procurador- geral da República apresentou, há uma semana, denúncia contra o peemedebista no Supremo.

Gurgel sustenta que Renan não tinha patrimônio suficiente para justificar os gastos com des­pesas pessoais decorrentes do re­lacionamento extraconjugal que o fez renunciar à presidência do Senado.

"Confiante". O senador do PMDB não quis comentar on­tem a divulgação pela revista Épo­ca do conteúdo da denúncia cri­minal apresentada pelo procura­dor-geral. "Estou confiante, não vi a reportagem ". Em 2007, o par­lamentar apresentou notas fis­cais para comprovar que o di­nheiro obtido com venda de ga­do bancou os gastos com o rela­cionamento extraconjugal. A Procuradoria-Geral da Repúbli­ca considerou, no entanto, que as notas eram "frias". Se a denúncia criminal for aceita pelo Supre­mo, Renan passará da condição de investigado para a de réu.