Título: Atentado suicida mata segurança da Embaixada dos EUA na Turquia
Autor: Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/02/2013, Internacional, p. A17

Ato de terror. Casa Branca condena ataque ‘terrorista’ e promete cooperar com autoridades locais para encontrar responsáveis; explosão em uma entrada lateral do edifício deixou 3 feridos, entre eles uma jornalista turca que está internada em estado grave

A Embaixada dos EUA em Ancara, na Turquia, sofreu ontem um atentado suicida atribuído, em princípio, a um ativista de um grupo de extrema esquerda turco. A explosão matou um segurança e feriu gravemente uma jornalista. Esse foi o quinto ataque a postos diplomáticos americanos desde setembro, quando quatro pessoas morreram no consulado americano em Benghazi, na Líbia, após ataque atribuído à rede Al-Qaeda.

O ataque suicida em Ancara coincidiu como primeiro dia da gestão de John Kerry no Departamento de Estado, ocupando a vaga deixada por Hillary Clinton. O suicida foi identificado como Ecevit Sanli, membro da organização terrorista de extrema esquerda Partido da Frente Revolucionária de Libertação do Povo (DHKP-C, na sigla em turco). O guarda morto foi identificado como Mustafa Akarsu, de 47 anos.

A jornalista turca Didem Tuncay, de 39 anos, foi internada em um hospital após ser ferida gravemente. O grupo promoveu vários ataques suicidas no país e, em 2001, foi responsável pela morte de dois policiais e uma turista na Praça Taksim, no centro de Istambul. Recentemente, o DHKP-C protestava contra a “interferência americana” na Turquia. O Ministério do Interior turco indicou não ter havido motivação religiosa no atentado.

Os EUA têm na Turquia seu principal aliado estratégico muçulmano no Oriente Médio, depois da queda de Hosni Mubarak, ex-presidente do Egito. Há duas bases militares americanas no país. Nas últimas semanas, a Turquia começou a receber o contingente de 400 soldados da O tanque será responsável pelas operações de baterias antimíssil Patriot, a serem instaladas na fronteira coma Síria. Escaldada pela demora em classificar o ataque em Benghazi como um ato terrorista, a Casa Branca apressou-se em qualificar dessa forma o incidente em Ancara. “O ataque foi um claro ato de terror”, declarou o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney. “Obviamente, foi um ataque terrorista à nossa embaixada”, disse o vice-presidente dos EUA, Joe Biden, em Berlim, onde participa de uma reunião de cúpula sobre segurança.

Estado de alerta

O suicida tinha bombas atadas ao corpo. Ele detonou os explosivos quando se dirigia ao aparelho de raio X, na área de segurança para visitantes, antes de entrar na embaixada. A jornalista Didem Tuncay, reconhecida especialista em política externa, estava próxima do suicida. Ela tinha uma entrevista marcada com o embaixador americano, Francis Ricciardone Jr. Segundo testemunhas, o estrondo foi ouvido a uma distância de quase 2 quilômetros. Depois do ataque, Ricciardone descreveu o segurança morto como um “herói”. “Estamos tristes por ter perdido um dos nossos guardas turcos no portão”, afirmou. A embaixada emitiu uma nota de alerta aos americanos no país para não visitar o prédio nem os consulados dos EUA em Adana e Istambul até segunda ordem. A nota também advertiu americanos residentes e turistas a permanecerem “alertas para uma potencial violência e evitar áreas onde houve distúrbios, manifestações e grandes encontros”.