Título: A hegemonia do PMDB é perigosa para Dilma
Autor: Fabrini, Fábio ; Álvares, Débora
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/02/2013, Nacional, p. A4

Deputado admite que sua candidatura expressa ‘agenda’ de Eduardo Campos e diz que Alves deve explicações éticas

Candidato à presidência da Câ­mara, o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) admite que sua even­tual eleição representa a agen­da do presidente da sigla, o go­vernador de Pernambuco Eduardo Campos, cotado para a corrida presidencial em 2014. “Pode ter uma sinalização”, res­pondeu ontem em entrevista ao Estado. Delgado reitera sua preocupação com a eleição do peemedebista Henrique Eduar­do Alves (RN) e destaca os ris­cos da hegemonia do PMDB - o partido elegeu, na última sexta-feira, o senador Renan Calheiros para a presidência do Sena­do e tem também a vice-presi­dência da República. O parla­mentar acusa o PMDB de chantagear a presidente Dilma Rousseff por cargos.

Com o apoio de desconten­tes com o PMDB e uma adesão velada do governador Eduardo Campos, a expectativa da véspe­ra da eleição é levar a disputa para o segundo turno.

0 que o diferencia de Henrique Alves e lhe credencia para ser presidente da Câmara?

A diferença é você estabelecer no dia seguinte às eleições uma pauta positiva para o Brasil ou negativa de ter um presidente que vai precisar se justificar no campo ético e moral por causa das denúncias que tem contra ele. Um candidato que mantem a Câmara submissa a outros po­deres, encurralada.

Na sua avaliação, um presiden­te do PMDB na Câmara teria qual impacto?

Temos hoje o vice-presidente da República do PMDB, o presi­dente do Senado do PMDB. Se tivermos o presidente da Câma­ra do PMDB - nós, que conhecemos as práticas -, como vai ser a relação com os demais parti­dos? Através dos carguinhos que foram dados nos espaços da Mesa da Câmara? Será que a presidenta Dilma fica satisfeita de estar sendo chantageada pe­lo PMDB, que quanto mais espa­ço tem, mais espaço quer na re­lação de pedir ministérios, au­tarquias? A questão da hegemo­nia do PMDB, ao invés de ser be­néfica para o País, é prejudicial, perigosa, não apenas para a pre­sidente, mas para a relação polí­tica de valorização dos demais partidos da base e da oposição.

Por que o governador de Per­nambuco, Eduardo Campos, pre­sidente e principal liderança do PSB, resolveu entrar em campo para interferir nas eleições no Senado e na Câmara?

O governador Eduardo Cam­pos verificou essa questão da hegemonia do PMDB já consoli­dada com a vitória do Renan Calheiros no Senado e que essa redistribuição de poder seria im­portante, e mais do que isso, que isso é possível. Esse traba­lho dele se mobilizando é para pensar o Parlamento, a Câma­ra, de acreditar no novo e res­paldar o que o povo brasileiro fez nas eleições.

-------------------------------------------------------------------------------- adicionada no sistema em: 04/02/2013 02:29