Título: Menos mortes no trânsito
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Fonte: O Estado de São Paulo, 19/02/2013, Notas e informações, p. A3

Os feriados pro­longados, espe­cialmente o car­naval e as fes­tas de fim de ano, costumam terminar com tristes recordes de mortos e feridos em aciden­tes graves nas estradas e nas ci­dades. A causa principal é sobe­jamente conhecida: a embria­guez de motoristas, que se sen­tem encorajados a excessos de velocidade, ultrapassagens com risco, trânsito por faixas de acostamento e outras irregu­laridades, muitas vezes ceifan­do vidas ou causando ferimen­tos sérios não só nos próprios infratores, mas também em motoristas cautelosos, respei­tadores das leis do trânsito, e em pedestres. Essa situação es­tá começando a mudar. Balan­ço realizado pelo governo do Estado de São Paulo, entre as 18 horas de sexta-feira e as 12 horas da Quarta-feira de Cin­zas, revelou uma queda de 13% no número de mortes e de 57% no de acidentes não fatais em todo o Estado de São Paulo, no primeiro carnaval com aplica­ção da chamada Lei Seca, de­pois que ela sofreu alterações que a tornaram mais rigorosa.

Tanto nas rodovias como nas cidades, a Polícia Militar (PM) também procurou fla­grar usuários de maconha e de outras drogas, contando para isso com aparelhamento ade­quado. Têm sido bons os resul­tados do novo modelo de fisca­lização, como afirmou o gover­nador Geraldo Alckmin. Mes­mo assim, o número de aciden­tes fatais ainda é alto. Isso mos­tra como é importante dar con­tinuidade ao trabalho corretivo-educativo para que a lei realmente "pegue" e leve a uma mudança de hábitos de uma parte dos condutores de veículos acostumados com a impunidade.

A intensa fiscalização vem ganhando apoio da população. Não são poucas as pessoas que, por medo de acidentes ou das severas punições previstas pela lei, têm evitado beber quando vão dirigir. Ou então, quando saem para se divertir, preferem utilizar meios de transporte coletivo ou táxis. Já é comum jovens se reunirem para a contratação de táxis pa­ra ir às baladas. Mas a quantida­de de infratores ainda assusta: somadas as operações nas ro­dovias e dentro das cidades, o número de pessoas multadas este ano foi de 1.419, um au­mento de 22% em relação a 2012 (1.164).

A PM tem procurado subme­ter motoristas a testes de bafômetro ao menor indício de que o veículo está sendo dirigi­do de forma anormal. Este ano, 11.396 foram submetidos a eles em todo o Estado, um aumento de 36% em relação ao ano passado (8.445), Se o teste indicar mais de 0,33 ml de álcool no ar expelido pelos pulmões, isso configura crime de trânsito, sujeito à apreen­são da carteira de habilitação, multa de R$ 1.915,40 e pena de prisão de seis meses a três anos. A multa e o recolhimen­to da carteira também são apli­cados nos casos em que o bafômetro indica uma dosagem menor, mas superior de 0,05 ml por litro de ar.

Mas o bafômetro, que não é obrigatório, deixou de ser o único meio para constatar que o motorista dirige embriagado, o que torna mais difícil fugir da fiscalização. Além da obser­vação de policiais, vídeos e tes­temunhos também valem co­mo provas e, neste carnaval, em todo o Estado, foram efe­tuadas 435 prisões de motoris­tas que dirigiam alcoolizados, número 240% superior ao do mesmo período do ano passa­do. Ao todo, foram recolhidas 561 carteiras de habilitação. Du­rante as blitze, foram feitas também 170 detenções por trá­fico de drogas.

É verdade que a Justiça tem sido lenta para punir quem des­respeita as leis do trânsito. Mas o rigor das autoridades po­liciais, a imposição de uma pe­sada pena pecuniária, o recolhimento da carteira de habilita­ção e os incômodos a que es­tão sujeitos os motoristas deti­dos tendem a infundir temor àqueles que persistem em be­ber antes de pegar o volante.

Em casos de prisão pela Polí­cia Militar, os motoristas estão sujeitos a terem seus carros guinchados para pátios do Detran e de outros órgãos públi­cos, que também colaboram com a campanha, arcando com todos os ônus decorrentes e in­cômodos para sua vida pessoal e profissional. Isso, pouco a pouco, terá um decisivo efeito inibidor.