Título: Pelo Twitter, Cristina rasga elogios a pontífice
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/03/2013, Vida, p. A14

Presidente argentina posta 30 mensagens nas quais deixa claro que o período de críticas ao papa chegou ao fim.

A presidente argentina Cristina Kirchner selou a retomada do diálogo com a Igreja. Pelo Twitter, Cristina disparou 30 mensagens para não deixar nenhuma dúvida de que os conflitos que protagonizou com o arcebispo emérito de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco, foram superados. Cristina relatou detalhes sobre emoções e percepções durante os dois encontros que manteve com o papa, antes e depois da missa inaugural do pontificado.

"Ao entrar (no Vaticano), me invadiu uma tranquilidade perfeita e me senti, pela primeira vez nesse lugar, mais argentina que nunca", escreveu. Em tom íntimo, se referiu ao papa pelo nome Francisco e contou que quando estavam na audiência se dirigiu a ele e disse que, "como Megafón, o esperavam batalhas celestiais", em referência ao livro Megafón o la Guerra, do poeta e escritor argentino Leopoldo Marechal. Cristina ressaltou a sintonia com o papa ao dizer que ele riu e comentou: "É meu livro preferido, adoro Marechal".

"Um papa muito leitor, como todo jesuíta. Clássicos universais e clássicos argentinos. Porque também é um jesuíta argentino", postou ela exibindo, pela primeira vez, o orgulho sobre a origem do novo líder católico. "Um argentino sentado na cadeira de São Pedro", afirmou. Também observou a insistência do papa ao pedir-lhe para conservar a rosa branca, símbolo de Santa Teresinha, um dos presentes oferecidos por Francisco à presidente. Cristina confessou: "Me tocou o coração".

A presidente mostrou-se sensível e emotiva. Recordou a ausência do marido, o ex-presidente Néstor Kirchner, morto em outubro de 2010, e o "amigo e companheiro" Hugo Chávez. "Por que será que a dor parece durar mais que a alegria? Será que estou mais velha? A dor tão intensa às vezes parece eterna", lamentou. Nas linhas e entrelinhas das mensagens, Cristina mandou o recado principal de que o período de críticas ao papa Francisco chegou ao final. Qualquer tom contrário dentro do kirchnerismo, como manifestaram vários de seus integrantes desde que Bergoglio se tornou o novo papa, não terá sua aprovação.