Título: Siglas com TV querem ser fiel da balança
Autor: Domingos, João
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/03/2013, Nacional, p. A8

Com antecipação da campanha de 2014, partidos médios e pequenos já são cortejados e aproveitam para buscar espaço no governo

Na política brasileira, o tem­po de um partido na TV vale muito. A soma dos segundos de propaganda de várias le­gendas pequenas pode tornar um candidato muito mais competitivo na disputa. Por isso, sem candidaturas pró­prias e com poucos planos de se lançar em alguma aventura pela Presidência da República, partidos médios e peque­nos nunca foram tão cobiça­dos quanto agora.

Com a campanha presidencial antecipada pela presidente Dil­ma Rousseff cerca de 20 meses antes da eleição, legendas coad­juvantes como PDT, PSD, PTB, PR, PP, PPS, DEM, PV e PRBpas- saram a ser cortejadas por todos os pré-candidatos. Assim, de­pois de reabilitar o grupo do ex- ministro do Trabalho Carlos Lu­pi (PDT) - que havia caído após denúncias de irregularidades na pasta em 2011 -, Dilma corre atrás agora do PR, partido que inaugurou a série de "faxinas" na Esplanada em meados de 2011, e do PTB, ao qual nunca deu im­portância. As direções desses dois partidos serão recebidas pe­la presidente nesta semana.

Dilma, porém, não está sozi­nha na caça a essas legendas pa­ra assegurar espaço na TV du­rante a campanha eleitoral. O governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, tem conversado com todas elas - e voltará a fazê-lo quantas vezes for necessário, di­zem seus colegas do PSB.

O tucano Aécio Neves (MG), que se prepara para assumir a presidência do PSDB, é outro que já trabalha para manter ao seu lado as legendas que fazem oposição ao PT, como o DEM e o PPS. Há informações de que Aé­cio e Campos têm um acordo in­formal segundo o qual o DEM, pelo menos, ficaria ao lado do PSDB, para aumentar o tempo de propaganda dos tucanos. Os dois partidos formam dobradi­nhas eleitorais frequentes desde a primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso, em 1994.

Valor. "Enfim vamos ter um mi­nistério", comemorou o líder do PTB no Senado, Gim Argello (DF). "E sabem por quê? Porque temos cerca de dois minutos de propaganda na TV. Isso vale muito." Argello já foi convidado a participar de uma reunião com Dilma, na qual a presidente pode­rá oferecer de fato um ministé­rio ao PTB, ao que tudo indica, na terça-feira. Com ele, estarão o presidente da sigla, ex-deputa­do Benito Gama (BA), e o líder na Câmara, Jovair Arantes (GO). Os petebistas, no entan­to, continuam assediados pelos tucanos e por Eduardo Campos. Esse cerco ocorre também nos outros partidos.

O PR, por exemplo, sabe que é cobiçado. "Temos a consciência de que a possibilidade de voltar­mos ao governo está vinculada à montagem das coligações para 2014. Teremos quase três minu­tos na TV. E três minutos são seis, porque entram no tempo de um candidato e não do outro", disse o presidente do PR, sena­dor Alfredo Nascimento (AM). Como o PTB, ele também estará com Dilma nos próximos dias. Se não receber um ministério - o dos Transportes -, Nascimento disse que não ficará aborrecido. "Estamos de fora há quase dois anos. Podemos ficar mais dois."

O PDT participa do governo Dilma, que até reabilitou a ala do presidente do partido, Carlos Lupi, levando para o Trabalho seu secretário-geral, Manoel Dias. Mas o partido está dividido. O senador Cristovam Buarque (DF) defende a saída do governo. E o líder no Senado, Acir Gurgacz (RO), desdenha dapossede um ministério: "Nós decidimos que ficaríamos no governo inde­pendentemente do cargo".

Diferentemente dos demais par­tidos, o PSC pretendelançar candi- datoao Planalto. "Ter um candida­to é parte do plano de fortaleci­mento do partido", disse Everaldo Pereira, seu vice-presidente. "Ele­gemos 17 deputados e não temos nenhum cargo no governo."