Título: Papa dedica Via-Sacra ao Oriente Médio
Autor: Mayrink, José Maria
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/03/2013, Vida, p. A13

O papa Francisco resumiu numa palavra, a cruz, a homilia de seis minutos com que encerrou ontem no Coliseu, em Roma, a celebração da Via-Sacra, cujo tema foi o sofrimento do povo no Oriente Médio, por causa da violência da guerra e do terrorismo. Milhares de pessoas, que começaram a chegar ao local ao meio-dia, acompanharam a cerimônia à luz de velas. A celebração da Via-Sacra no Coliseu foi instituída por Paulo VI em 1964.

"Nesta noite não quero falar muitas palavras, mas só uma, a cruz, com que Deus respondeu aos males do mundo", disse Francisco. Ele acrescentou que "Deus nos julga amando-nos", depois de observar que, às vezes, Deus parece ficar em silêncio e não responde ao mal. O papa fez um apelo aos cristãos para que todos respondam ao mal com o bem.

Francisco agradeceu o testemunho de um grupo de jovens libaneses que escreveram o texto da meditação da Via-Sacra sobre a situação de dor e sofrimento nos países do Oriente Médio. Disse que não só os cristãos, mas também os muçulmanos desejam a paz, como Bento XVI constatou em sua viagem ao Líbano, a última de seu pontificado, no ano passado.

A celebração da Via-Sacra se iniciou às 21h19 (17h19 no Brasil) e durou pouco mais de uma hora. Francisco conversou sorridente com as pessoas que o receberam, mas acompanhou a cerimônia de olhos cerrados, num palanque armado no Palatino, em frente ao Coliseu.

Jovens libaneses, clérigos chineses, famílias italianas e indianas, além de uma mulher numa cadeira de rodas, revezaram-se carregando uma cruz de madeira nas 14 estações da Via-Sacra. Da América Latina, dois brasileiros a carregaram nas estações 12 e 13: Cario Ronzoni e Antonella Passatore. O vigário da Diocese de Roma, cardeal Agostino Vallini, foi quem a entregou ao papa na 14ª e última estação.

Em outra cerimônia da Sexta-Feira Santa, a celebração da Paixão do Senhor, iniciada às 17 horas (13h no Brasil), na Basílica de São Pedro, o papa ouviu um sermão do pregador da Casa Apostólica, frei Riniero Cantamessa, após a leitura do Evangelho de São João sobre a condenação, crucifixão e morte de Jesus. Na hora da Adoração da Cruz, um dos momentos marcantes da cerimônia, que não é uma missa, Francisco deitou-se no chão, enquanto todos se ajoelhavam em silêncio.

• Conversa de papas

O papa Francisco ligou anteontem para o papa emérito Bento XVI, após a Missa Crismal da Quinta-Feira Santa. A conversa entre os dois foi descrita como "longa e intensa" pelo porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi.