Título: DÍVIDA PÚBLICA EM TÍTULOS NO PAÍS PODE CHEGAR A R$1 TRI NO FIM DO ANO
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Fonte: O Globo, 24/02/2005, Economia, p. 28

A dívida mobiliária federal interna (em títulos públicos) deverá crescer entre 16% e 23% em 2005. Isso significa que o estoque, que hoje está em R$810,3 bilhões, poderá fechar o ano entre R$940 bilhões e R$1 trilhão. A projeção está no Plano Anual de Financiamento da Dívida Pública (PAF) 2005, divulgado ontem pelo Tesouro Nacional. O documento aponta ainda que, quando se inclui a dívida externa no estoque, ele deve passar dos atuais R$1,013 trilhão para um intervalo entre R$1,160 trilhão e R$1,240 trilhão até o fim do ano.

Segundo o secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, apesar do aumento previsto, a dívida interna deverá ter uma melhora em seu perfil, com aumento da participação de papéis prefixados e vinculados a índices de preços em seu estoque. Já títulos mais voláteis, como os corrigidos pelo câmbio e pela taxa Selic, devem compor uma parcela menor.

¿ Essa estratégia deverá trazer sensíveis ganhos para a redução do risco da dívida pública e para a condução da política monetária ¿ disse Levy.

Ele atribuiu o aumento do estoque à recomposição de reservas feita pelo governo, o que aumenta as emissões de papéis. Outro fator que também provoca crescimento na dívida, segundo o secretário, é a demanda de investidores por papéis de longo prazo, que têm remuneração maior para os investidores e custo mais alto para o Tesouro.

O PAF prevê que a parcela prefixada da dívida interna ¿ hoje em 20,1% ¿ deve fechar 2005 entre 20%, no pior cenário; e 30%, no melhor. No caso dos índices de preços, o percentual de 14,9% ficaria entre 15% e 20% até o fim do ano. Para os papéis cambiais, os atuais 5,2% da dívida deveriam cair para 3%, na melhor situação, ou ficar em 5%, na pior. Já a parcela corrigida pela Selic passaria de 57,1% para algo entre 47% e 57%.

O Tesouro considera que o cenário mais otimista vai ocorrer se houver maior rapidez na trajetória da queda da taxa de juros, crescimento econômico sem pressões inflacionárias e um quadro externo positivo. Já os problemas que podem afetar o endividamento do país são volatilidade no mercado internacional, limite ao fluxo de capitais, pressões sobre o câmbio, aumento do risco-país e redução limitada da taxa de juros.

O governo também espera conseguir alongar a dívida este ano. A projeção do PAF é que o prazo médio de vencimento do que é devido deve passar de 28,1 meses para um intervalo entre 28 e 34 meses.