Título: MINISTROS NÃO FORAM AVISADOS SOBRE DECISÃO
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Fonte: O Globo, 26/02/2005, Economia, p. 25

Para evitar resistência antecipada ao contingenciamento anunciado ontem, nenhum ministro foi avisado com antecedência sobre os cortes em suas respectivas pastas. A expectativa no Palácio do Planalto é que semana que vem apareça uma romaria de ministros e secretários-executivos na Fazenda e no Planejamento para tentar amenizar os impactos dos cortes. A idéia era impedir reações negativas.

O martelo foi batido pelo próprio Lula na noite de quinta-feira, numa reunião que contou com a presença dos ministros da Fazenda, Antonio Palocci, e do Planejamento, Nelson Machado. O secretário-executivo da Casa Civil, Swendenberg Barbosa, representou o ministro José Dirceu, que estava em viagem à Argentina. As três pastas integram a Junta de Execução Orçamentária, responsável por acompanhar os gastos do Executivo.

Apesar de saber com antecedência que seria necessário fazer um corte profundo no Orçamento, Lula deixou claro na reunião preferir que o contingenciamento fosse menor. Mesmo assim, acolheu os argumentos do ministro Palocci de que era preciso uma ação preventiva.

O presidente foi convencido de que decisões recentes, como o aumento do salário-mínimo, a correção da tabela do Imposto de Renda e o repasse da Lei Kandir para os governadores teriam grande impacto nas despesas de 2005. Segundo cálculos apresentados a Lula, essas despesas extras somam de R$8 bilhões a R$9 bilhões.

Lula avaliou que a estimativa da área econômica tinha um desenho conservador. Mesmo assim, disse que estava disposto a assumir um eventual desgaste político pelo corte. Partiu de Lula a recomendação para preservar programas de algumas áreas consideradas estratégicas, como segurança, meio ambiente, defesa e infra-estrutura.