Título: Ministro disse que prefeitura criou `factóide¿
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Fonte: O Globo, 12/03/2005, Rio, p. 23

Segundo Humberto Costa, prefeito Cesar Maia só aceitava negociar se governo federal ficasse com quatro unidades

BRASÍLIA e RIO. O ministro da Saúde, Humberto Costa, comentou ontem no Rio a crise dos hospitais públicos municipalizados. Segundo ele, a relação entre a Prefeitura e a União tornou-se inviável.

¿ Do jeito que estava a relação com a Prefeitura, ficou claro para o Ministério que o objetivo do município não era negociar, mas sim criar um factóide político. Não nos restava outra alternativa senão assumir a responsabilidade diante da insensibilidade humana que nós assistimos por parte do prefeito dessa cidade ¿ acusou Costa.

Ministro disse que Prefeitura queria devolver 4 unidades

Além de anunciar as novas medidas, o ministro da Saúde explicou por que resolveu interromper as negociações com a Prefeitura:

¿ Desde fevereiro, o prefeito Cesar Maia vinha querendo ceder as unidades para o governo federal, mas decidimos manter a negociação porque a atitude iria de encontro ao espírito descentralizador do SUS ¿ disse Costa. ¿ Desde então, fizemos diversas concessões. Oferecemos até assumir duas unidades, os hospitais da Lagoa e de Ipanema, mas a Prefeitura bateu pé dizendo que só aceitaria um acordo se ficássemos com quatro unidades.

Em pronunciamento feito na noite de ontem em cadeia de rádio e TV, o ministro voltou a falar sobre a crise da saúde no Rio. Ele disse que os hospitais públicos administrados pela Prefeitura estão em ¿total estado de abandono e de calamidade¿. Costa afirmou que o atual quadro ¿põe em risco a vida de milhões de cidadãos¿. O ministro afirmou que a situação chegou a um ponto insustentável e que falta de médicos, de remédios e de equipamentos transformaram os hospitais da cidade num verdadeiro caos.