Título: SIMPLICIDADE NO TÚMULO DO PAPA
Autor: Deborah Berlinck e Monica Yanakiew
Fonte: O Globo, 13/04/2005, O Mundo, p. 32

CIDADE DO VATICANO. Uma laje de mármore branco de Carrara com uma única inscrição, em latim, ¿Joannes Paulus II¿, as datas da eleição e da morte de Karol Wojtyla e as chaves de São Pedro, símbolo do Vaticano. A simplicidade da sepultura do Papa João Paulo II contrasta com a suntuosidade da maioria dos túmulos dos 148 papas que estão nas grutas do Vaticano, no subterrâneo da Basílica de São Pedro. A partir de 7h de hoje, o local estará aberto à visitação pública.

Milhares de peregrinos que foram a Roma para os funerais de João Paulo II permaneceram na cidade para poder visitar o túmulo e prestar mais uma homenagem. Não será permitido deixar flores na sepultura.

Ontem, depois da missa celebrada na Basílica de São Pedro por Dom Eugenio Sales, arcebispo emérito do Rio de Janeiro, alguns cardeais, freiras e outros religiosos visitaram o túmulo e fizeram preces. Antes, os jornalistas tiveram acesso às grutas do Vaticano. A visita da imprensa ocorreu em silêncio e não foi permitido fotografar o local.

Uma vela permanece acesa na base do túmulo, situado no centro de uma capela nas catacumbas. As paredes são brancas. Há apenas um quadro de mármore com a imagem da Virgem Maria com o Menino Jesus nos braços, entre dois anjos. Foi o próprio Karol Wojtyla quem quis um túmulo simples, no mesmo estilo do Papa Paulo VI. Antes de João Paulo II, o local abrigava a sepultura de João XXIII, que, depois de ter sido beatificado, em 2000, foi transferido para um dos altares da Basílica, onde permanece embalsamado.

Nas grutas estão também os túmulos de duas rainhas: Carlota de Chipre, morta em 1487, e Cristina da Suécia, morta em 1689. Elas estão sepultadas entre os papas por causa de sua devoção ao catolicismo. O primeiro Papa, São Pedro, também está no subterrâneo da Basílica.