Título: REABILITAÇÃO DE DIRCEU É OUTRA META
Autor: Gerson Camarotti e Cristiane Jungblut
Fonte: O Globo, 17/04/2005, O País, p. 12

Lula quer aproveitar negociações para recuperar prestígio de seu ministro

BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai aproveitar as negociações dos palaques regionais das eleições de 2006 para tentar restabelecer o prestígio político do chefe da Casa Civil, José Dirceu. Lula tem dito que pretende reabilitá-lo na articulação política. Dirceu já foi escalado como o principal interlocutor do Planalto para tratar do tema com os aliados nos estados, ao lado do presidente do PT, José Genoino.

Além de fazer um afago em Dirceu, Lula quer usufruir do poder e da influência do chefe da Casa Civil no PT para controlar dissidências e reações de líderes estaduais inconformados com eventuais acordos com aliados. Em outras palavras: o presidente quer o pulso firme de Dirceu a seu favor. Como ex-presidente do PT, ele domina cerca de 70% do partido.

A primeira missão de Dirceu é acertar o palanque de São Paulo. O chefe da Casa Civil iniciou a reaproximação com os principais líderes peemedebistas no estado: o ex-governador Orestes Quércia e o deputado federal Michel Temer. Como o PT deve lançar candidato ao Palácio dos Bandeirantes e ao Senado, Lula quer negociar com o PMDB o cargo de vice-governador. Nas primeiras sondagens, Quércia mostrou-se contrariado com a proposta. Mas não disse não.

Lula teme esbarrar na intransigência do PT

O temor de Lula é esbarrar no próprio PT, que não abre mão de concorrer em alguns estados. Nas eleições municipais de 2004, o partido não conseguiu influir, por exemplo, na disputa em Fortaleza, já que o PT local não respeitou a determinação da executiva nacional e lançou a candidatura de Luizianne Lins.

A lista de palanques obrigatórios do PT deve ser restrita a São Paulo, Rio Grande do Sul, Acre, Bahia e Sergipe. Nos demais estados, diz um ministro petista, a negociação está aberta.

No Planalto, o que se tem dito é que Lula terá que adotar mesmo uma linha dura. A reeleição já esteve muito mais garantida do que hoje. O próprio Dirceu afirmou recentemente num encontro petista que a eleição não será ganha facilmente.