Título: GOVERNO TENTA EVITAR SER ALVO DE LUTA INTERNA NO PT
Autor: Ilimar Franco e Maria Lima
Fonte: O Globo, 01/05/2005, O País, p. 15

BRASÍLIA. A luta interna no PT sobre os rumos do governo vai se acirrar nos próximos cinco meses com a realização de eleições diretas, em setembro, para a escolha do presidente do partido e a renovação das direções nacional, estaduais e municipais. A campanha está apenas no começo, mas os principais candidatos da oposição ¿ Raul Pont, da Democracia Socialista; Valter Pomar, da Articulação de Esquerda; e Maria do Rosário, do Movimento PT ¿ já começaram os ataques à política econômica e à política de alianças reafirmadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Integrantes do governo tentam evitar que o acirramento dos ânimos transborde para votações de interesse do Planalto no Congresso, e, por isso, sugerem que seja adiada a discussão de temas polêmicos, como a autonomia do Banco Central e a reforma trabalhista. Pôr esses temas na mesa agora poderia fortalecer o discurso da esquerda partidária direcionado aos 840 mil filiados ao PT que estão aptos a votar em 18 de setembro.

O candidato da situação, José Genoino, decidiu fazer da defesa do governo sua plataforma de campanha. Mas o texto de seu anteprojeto é mais ambicioso e propõe, de fato, a fundação de um novo PT: social-democrata, defensor da economia de mercado e da democracia representativa, que rejeita o bonapartismo, e que não aposta na ruptura institucional para mudar o país. O governo já é tudo isso na prática. Mas o PT, no papel, não. Trata-se de uma guinada na história do partido.