Título: EMPREGO FORMAL BATE RECORDE
Autor: Carolina Brígido
Fonte: O Globo, 17/05/2005, Economia, p. 19

No quadrimestre, avanço é de 4,37% sobre igual período de 2004

BRASÍLIA. O número de novos postos de trabalho com carteira assinada em abril atingiu 266.095, recorde histórico para o mês e mais do que o dobro dos 102.965 registrados em março. No primeiro quadrimestre do ano, o saldo do emprego formal no país - diferença entre admitidos e demitidos - atingiu 558.317 empregos, também o melhor resultado da série do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), iniciada em 1992. A alta foi de 4,37% sobre o mesmo período de 2004.

Os dados foram classificados de "extremamente positivos" pelo ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, que fez questão de divulgá-los no Palácio do Planalto, após mostrar os números ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Um dos contumazes críticos dos juros altos na Esplanada, desta vez Berzoini aliviou o Banco Central (BC). Ele minimizou os impactos da política monetária apertada no mercado de trabalho e disse que o governo, este ano, vai superar o 1,5 milhão de empregos formais criado em 2004.

- Não há razão para que nós tenhamos preocupação com os impactos da política monetária no mercado de trabalho, que está reagindo bem. Acredito que o segundo semestre será ainda mais positivo que o primeiro - disse o ministro.

Para o professor da PUC-Rio José Márcio Camargo, apesar de o acompanhamento do ministério não abranger pessoas que estão à procura de emprego, o Caged é um indicativo importante.

- Há uma identidade na evolução do emprego nas regiões metropolitanas (pesquisadas pelo IBGE) com o Caged - disse.

Economista indica limitações no cadastro do ministério

O professor de Economia da Unicamp Marcio Pochmann lembrou que o Caged representa apenas um terço dos ocupados no Brasil. Ele destacou também que os dados do próprio cadastro indicam alta rotatividade no primeiro trimestre deste ano, além de piora na qualidade dos empregos criados, com remuneração abaixo dos três salários-mínimos.

Com 87.475 postos, o setor de serviços liderou a criação de empregos formais no mês de abril, seguido pela indústria de transformação, com 79.495 vagas. Na indústria, todos os ramos obtiveram saldos positivos, com oito deles apresentando aceleração no ritmo de expansão em relação a março, sendo que só a indústria de alimentos e bebidas foi responsável por 51.010 contratações.

No comércio, foram abertas 33.308 vagas, e a agricultura, que vinha sofrendo com as alterações climáticas, registrou saldo positivo de 44.207, o que representa um crescimento de 3,44% frente ao mês anterior. Outro segmento intensivo em mão-de-obra, a construção civil, também registrou um saldo positivo de 14.532 vagas.

Para Berzoini, os dados de abril indicam uma inversão da queda do ritmo de crescimento do mercado formal de trabalho verificada nos meses anteriores. Está havendo um quadro de conjunção de fatores positivos que favorecem a criação de empregos, como o aumento das exportações e o aquecimento do mercado interno, explicou o ministro.

inclui quadro: conheça o mercado de trabalho