Título: CMN PODE TER NÚMERO MAIOR DE PARTICIPANTES
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Fonte: O Globo, 20/05/2005, Economia, p. 24

Conselho de Desenvolvimento aprova moção ampliando para até nove o total de membros

BRASÍLIA. O Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) aprovou ontem uma moção ao presidente da República para ampliar de três para até nove o números de membros no Conselho Monetário Nacional. O CMN decide questões como a meta de inflação, com os votos apenas do presidente do Banco Central e dos ministros da Fazenda e do Planejamento. A proposta é incluir integrantes mas manter a maioria dos votos com o governo.

Apesar da aprovação, o debate gerou divisão entre empresários - que sugerem mais membros - e banqueiros - que temem politização no combate à inflação.

- A dúvida é se a medida não politizaria o CMN. Nos anos 80, havia representantes de setores, e é uma época que não nos deixa saudade, pela inflação - disse o presidente do Banco Itaú, Roberto Setubal.

O consultor Antoninho Marmo Trevisan contestou Setubal dizendo que a decisão do CMN não pode ser uma verdade de três integrantes. Segundo ele, a fixação da meta de inflação não pode ser apenas técnica e deve trazer mais opiniões, sendo todos ministros ou especialistas do setor privado. O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, afirmou que a proposta pode despolitizar as medidas do CMN:

- A proposta é qualificar o debate. Não existe fórmula técnica e única. Pode perguntar ao deputado Delfim Netto, que é um crítico técnico da política monetária e de sua eficácia.

Para o presidente da Federação da Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, um dos autores da proposta de ampliar o CMN, hoje não há discussão:

- As reuniões já começam com um placar de dois a um porque a Fazenda e o Banco Central têm posições iguais.

O Conselho também aprovou o pacto contra o trabalho escravo. Foi apresentada a "Agenda do Desenvolvimento", que será debatida em 2 de junho. (Enio Vieira)