Título: GÁS: FORNECIMENTO PODE SER REDUZIDO EM UMA SEMANA
Autor: Janaina Figueiredo/Flávio Henrique/Eliane Oliveira
Fonte: O Globo, 10/06/2005, O Mundo, p. 30

Petrobras já iniciou plano de contingenciamento em refinarias. Consumo residencial não será afetado

O fornecimento de gás natural da Bolívia para o Brasil pode ser reduzido dentro de uma semana se a ocupação do terminal onde a Petrobras estoca produtos líquidos de petróleo continuar. A informação foi dada ontem pelo diretor da área internacional da estatal, Nestor Cerveró, durante a cerimônia de entrega da plataforma P-47, no Rio, que contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo o diretor, a Petrobras não teria como manter o nível atual de produção nos campos de San Alberto e San Antonio. Ele disse que há quatro dias a empresa não vende derivados de petróleo em La Paz por causa do bloqueio das estradas.

Em nota divulgada ontem à noite, a Petrobras garante que não há riscos de faltar GLP, o gás de cozinha, nem o gás canalizado para os consumidores residenciais. O plano de contingência é para os demais consumidores: indústrias, termelétricas e a própria Petrobras em suas refinarias. Uma das usinas termelétricas que poderá ser afetada é a de Cuiabá, controlada pela Shell e a Enron.

Caso ocorra redução nas importações de gás natural da Bolívia, as refinarias da Petrobras serão as primeiras a terem corte no recebimento do produto. Mas Cerveró se mostrou otimista, acreditando que a situação vai melhorar. Segundo ele, no momento tanto a produção de gás como o fornecimento de 24 milhões de metros cúbicos para o Brasil estão normais.

- Não acredito que vá faltar gás no Brasil. Teria que haver um agravamento no conflito muito grande - disse.

A Petrobras já iniciou o plano de contingenciamento do gás natural em suas refinarias, substituindo o produto por combustíveis líquidos. A medida faz parte do plano que a empresa está elaborando junto com o Ministério de Minas e Energia. Na primeira reunião, realizada ontem com a participação da ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, ficou definido que o produto será substituído por combustíveis líquidos, como biocombustíveis.

O terminal usado pela Petrobras, que pertence à empresa Transredes, foi ocupado por trabalhadores rurais que exigem a estatização da indústria de petróleo e gás da Bolívia, contou Sérgio Gabrielli, executivo financeiro da empresa brasileira.

- Estamos observando a situação cuidadosamente porque o volume que a Petrobras importa da Bolívia é difícil de substituir - disse.

Nos últimos dias, manifestantes ocuparam pelo menos seis campos de petróleo operados por empresas estrangeiras.

Na Argentina, o presidente Néstor Kirchner disse ontem que vai analisar, junto com o presidente do Chile, Ricardo Lagos, o investimento num gasoduto peruano para diminuir o déficit energético causado pela crise boliviana. Mas Kirchner garantiu que manterá também os investimentos no Gasoduto do Noroeste, acertado com a Bolívia antes da renúncia de Carlos Mesa.

Com agências internacionais