Título: MILITAR ISRAELENSE É CONDENADO POR MATAR INGLÊS
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Fonte: O Globo, 28/06/2005, O Mundo, p. 27

JERUSALÉM. Um tribunal militar de Israel condenou ontem um sargento do Exército do país pela morte de um ativista pró-palestino inglês na Faixa de Gaza em 2003. Taysir Heyb, que recebeu baixa, foi considerado culpado do homicídio culposo (sem intenção de matar) de Tom Hurndall, de 22 anos, assassinado com um tiro na cabeça quando ajudava crianças palestinas a fugir de tanques israelenses durante uma ação militar.

Membro do Movimento de Solidariedade Internacional, o jovem britânico ficou em coma por nove meses antes de morrer num hospital em Londres. Os juízes determinaram que o soldado atingiu Hurndall com um fuzil de mira telescópica e consideraram a versão do acusado ¿confusa e patética¿. Heyb acusou o Exército de processá-lo por ser parte da minoria beduína árabe de Israel e foi condenado também por obstrução da Justiça, falso testemunho e conduta imprópria. A família de Hurndall se declarou decepcionada com o veredicto de homicídio culposo.

¿ Fez-se justiça limitada ¿ disse Anthony Hurndall, pai do jovem assassinado. ¿ Estamos preocupados de que haja uma política que parece prevalecer em Gaza de atirarem em civis sem qualquer prestação de contas.

Na semana passada, o grupo de direitos humanos Human Right Watch acusou Israel de investigar menos de 5% das centenas de casos de civis palestinos mortos em ações do Exército desde o reinício da intifada, em 2000.

Por sua vez, milhares de manifestantes contrários ao desmantelamento das 21 colônias judaicas em Gaza e de quatro na Cisjordânia fizeram protestos tomando estradas-chave de Israel sem bloquear o tráfego. Em Gaza, extremistas judeus voltaram a montar um assentamento ilegal após sua expulsão pelo Exército na véspera, quando 20 pessoas ficaram feridas no choque entre soldados e manifestantes. Tratores do Exército demoliram 11 casas ilegalmente construídas na praia perto do assentamento de Gush Katif no domingo.

Nas Colinas de Golã, Israel acusou soldados sírios de fazerem disparos contra seu território, mas Damasco disse que as explosões foram de fogos de artifício.