Título: BB gasta R$514 mil a mais em revistas do cunhado de Gushiken
Autor: Soraya Aggege
Fonte: O Globo, 30/06/2005, O País, p. 4

Caixa Econômica Federal não informa gastos, mas admite que cresceram

SÃO PAULO. Mesmo sem ter a tiragem de suas revistas verificada oficialmente, o cunhado do ministro Luiz Gushiken (Comunicação de Governo), Luís Leonel, mais que duplicou suas verbas de publicidade estatal no governo Lula. Só do Banco do Brasil, a editora de Leonel obteve R$647.248 entre janeiro de 2003 e junho deste ano, além de R$1 milhão da Petrobras e um valor não revelado da Caixa Econômica Federal. No governo anterior, o Banco do Brasil aplicou R$133.630, entre 2000 e 2002, a quinta parte do gasto no atual. A Caixa Econômica Federal não informou seus gastos com as revistas, mas admitiu, em nota, que eles cresceram.

A Ponto de Vista Editorial, dirigida por Leonel, não é filiada ao Instituto de Verificação de Circulação (IVC). A tiragem de suas revistas não é informada nem na "Investidor Individual", única a circular em bancas. Segundo Leonel, a revista vende, em média, 40 mil exemplares.

IVC diz que governo costuma verificar circulação

As outras três, "Investidor Institucional", "Energia & Mercados" e "Gestão Médica", segundo Leonel, teriam uma tiragem variável entre 10 mil e 12 mil exemplares. O diretor-geral do IVC, Ricardo Costa, afirmou que a verificação da circulação é fonte de informações para agências de publicidade e empresas. O custo de verificação estaria, por mês, entre R$259 (tiragens entre 5 mil e 25 mil exemplares) e R$518 ( tiragens entre 25 mil e 50 mil), além de taxas semestrais semelhantes para o IVC:

- É mais coerente consultar a circulação antes de investir. O governo costuma fazer isso.

Segundo a assessoria de imprensa do BB, o público leitor das revistas é adequado aos segmentos priorizados pelo banco. "Na Investidor Individual, é o investidor pessoa física de média e alta renda. Na Investidor Institucional, são os fundos de pensão, instituições financeiras, seguradoras e empresas de médio e grande porte". Entre 2000 e junho deste ano, o BB gastou R$236.180 com a Investidor Individual. Com a Investidor Institucional, o banco gastou R$544.698 no mesmo período. No governo Lula, desde 2003, foram investidos R$217.280 na primeira e R$429.968 na segunda.

A CEF disse que aumentou seus gastos com as revistas, mas não divulgou valores. Em nota, disse que "a Caixa é uma empresa pública exploradora de atividade econômica, sujeita às normas do direito privado, não estando obrigada a fornecer informações estratégicas sobre suas campanhas publicitárias e ações mercadológicas, exceto para os órgãos de fiscalização competentes".