Título: POLICIAIS TERÃO AUMENTO DE 17%
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Fonte: O Globo, 30/06/2005, Rio, p. 19

Secretário diz que governo estadual cortará gastos e retardará obras

Os vencimentos dos policiais (militares e civis) e dos bombeiros serão reajustados em 17%. O anúncio foi feito ontem à noite pelos secretários de Governo, Anthony Garotinho, e de Segurança, Marcelo Itagiba, na sede da Secretaria de Segurança. Segundo eles, o aumento será dado em cinco parcelas, de agosto a dezembro, quando será completado o percentual de 17%. Os inspetores de segurança e administração penitenciária não terão direito ao reajuste. Eles receberão uma gratificação de R$500.

Garotinho informou que o reajuste será linear e beneficiará cerca de 110 mil servidores, entre ativos e inativos. Ele disse ainda que o aumento representará uma despesa extra de R$34 milhões por mês e cerca de 450 milhões por ano. O secretário anunciou ainda que hoje terá uma reunião com o secretário de Finanças, José Henrique Bellúcio, e de Controle, Flávio Baptista Silveira, para decidir cortes no orçamento.

- Esse dinheiro não cai do céu, tem de sair de algum lugar. Vamos analisar os investimentos previstos, tirar um pouco de custeio, um pouco de tudo. Cada secretaria terá de dar sua contribuição, economizando em combustível, na contratação de terceirizados, em energia, telefone. O prazo de algumas obras será alongado. Por exemplo: uma obra que seria feita em três meses passará a ser feita em cinco - afirmou Garotinho.

Policiais se reúnem hoje em assembléia

Apesar do anúncio do reajuste, policiais civis deverão fazer assembléia hoje para decidir se entram em greve.

O presidente da Associação de Delegados da Polícia Civil, Wladmir Reale, disse que o aumento de 17% anunciado pelo governo atende em parte à reivindicação da categoria, que era de 20%.

Reale explicou, no entanto, que os delegados deverão aceitar o reajuste, já que ele foi concedido a todos os policiais civis e militares, o que representa um ganho importante para as categorias. Hoje a associação fará uma assembléia para discutir o assunto.

- O aumento não atende ao percentual que pedíamos, mas acredito que os delegados deverão aceitar a proposta, já que o reajuste será para todas as categorias. Isso é importante. Vamos continuar mantendo o canal de negociação com o governo para tentarmos chegar aos 20% que reivindicamos - afirmou Reale.

O aumento de 17% desagradou à Associação de Cabos e Soldados do Rio. O presidente da entidade, Wanderley Ribeiro, afirmou que o percentual é um desrespeito do governo com os policiais militares, que cobram um reajuste de 75%.

Líder diz que tropa está insatisfeita

Cabos e soldados também prometem fazer hoje uma assembléia para tomar uma decisão diante da proposta.

- O aumento está muito aquém das nossas aspirações e não atende às necessidades dos policiais. É tão baixo que deverá criar aina mais insatisfação na tropa, que esperava um reajuste muito melhor. Acho que 17% chega a ser uma ofensa ao policial militar. Se era para dar um aumento desse tamanho, era melhor o governo nem ter anunciado - disse Wanderley.