Título: CPI quebra sigilo de empresas de Marcos Valério
Autor: Adriana Vasconcelos
Fonte: O Globo, 01/07/2005, O País, p. 11

Mulher do publicitário e ex-secretária Fernanda Karina também vão passar por devassa fiscal, bancária e telefônica

BRASÍLIA. A CPI dos Correios aprovou ontem requerimentos solicitando a quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico de cinco empresas do publicitário Marcos Valério de Souza, de sua mulher, Renilda Fernandes de Souza, e de sua ex-secretária Fernanda Karina Somaggio. Na véspera, a CPI já autorizara a quebra do sigilo do próprio Marcos Valério. Fernanda Karina, bem como o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), acusa o publicitário de ser peça-chave no pagamento do mensalão.

Na tentativa de promover uma devassa na vida de Marcos Valério, a quebra de sigilo foi requerida para as empresas SMP&B Comunicação, DNA Propaganda, Multiaction, Graffiti e Estratégica.

SMP&B assinou contrato com Correios em 2003

A agência de publicidade SMP&B assinou em dezembro de 2003 o contrato, válido por 12 meses, com os Correios no valor de R$72 milhões. O documento é assinado pelo então presidente da estatal, Airton Dipp, pelo diretor de administração, Gabriel Fadel, e pela representante da SMP&B, Eliane Alves Lopes. Foi feito um aditivo de 25% do valor do contrato em novembro de 2004. Pelo termo, a previsão orçamentária para o pagamento à agência de Marcos Valério passou a ser de R$90 milhões.

O vice-líder do PSDB, deputado Eduardo Paes (RJ), integrante da CPI, levantou suspeitas sobre a forma do contrato, segundo ele, diferente da de outros feitos pelos Correios.

Ex-diretor admitiu ter assinado termo aditivo

Ontem, na CPI, o deputado fez perguntas sobre o assunto ao ex-diretor de Administração dos Correios Antônio Osório, que, segundo o ex-chefe do departamento de contratações da estatal Maurício Marinho, fazia parte do esquema de arrecadação de dinheiro para o PTB. Osório assinou, com o ex-presidente dos Correios João Henrique, indicado pelo PMDB, o termo aditivo, mas disse não se lembrar de detalhes do contrato.

¿ Temos de tentar entender que tipo de pressões o presidente e o diretor dos Correios tenham sofrido para dar um termo aditivo para essa empresa. Pressões que vieram da Presidência da República, já que o contrato não segue o padrão dos Correios, mas da Presidência ¿ afirmou o tucano, numa referência ao fato de a Secretaria de Comunicação de Governo acompanhar os contratos feitos com as estatais.

Marinho também tem sigilo quebrado por CPI

A CPI aprovou ainda as quebras do sigilo bancário, fiscal e telefônico de Marinho e do empresário Antônio Velasco, sócio de Artur Wascheck que confessou ter sido o mandante da gravação que originou a denúncia de corrupção na estatal.

COLABOROU Bernardo de la Pena