Título: LOTEAMENTO ENTRE ALIADOS
Autor: Gerson Camarotti
Fonte: O Globo, 01/07/2005, O País, p. 8

Diretoria tem R$1 bi em investimentos

BRASÍLIA, RIO e BELO HORIZONTE. No começo de 2003, o PT loteou a diretoria de Furnas entre aliados, contemplando PMDB, PTB, PP e até setores do PSDB. O ex-presidente Itamar Franco indicou o presidente da estatal, José Pedro Rodrigues de Oliveira, o diretor de Relações Institucionais, Marcos Lima, e também avalizou a nomeação do diretor de Planejamento, Engenharia e Construção, Dimas Toledo, que teria a simpatia do governador tucano Aécio Neves (MG).

O PTB apadrinhou o diretor financeiro, José Roberto Cury, em agosto de 2003, quando um grupo de deputados mineiros trocou o PSDB pelo PTB. Para fiscalizar o loteamento político de Furnas, o PT indicou o diretor de gestão corporativa Rodrigo Botelho Campos, ligado ao prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel.

Jefferson tentou aumentar o espaço em Furnas com a nomeação de Francisco Pirandel para o lugar de Dimas Toledo. Na ocasião, até Itamar e Aécio teriam tentado interferir pela permanência de Dimas. O então chefe da Casa Civil, José Dirceu, pediu ao PP para apadrinhar Dimas, que passou a ter o apoio do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti. A diretoria de Planejamento, Engenharia e Construção é uma das mais importantes de Furnas. Responde pelo pelo planejamento e realização de todos os projetos da estatal, movimentando recursos de R$1 bilhão em investimentos por ano.

Aécio negou ter indicado Dimas para o cargo, mas disse que apoiou sua ida para a diretoria de Planejamento, como fizeram outros mineiros. Itamar Franco também negou ter tido influência na indicação de Dimas para o cargo.