Título: COLONOS JUDEUS COMEÇAM A SE MUDAR
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Fonte: O Globo, 04/07/2005, O Mundo, p. 18

Saída voluntária de famílias de Gaza e Cisjordânia favorece plano de Sharon

JERUSALÉM. Pelo menos oito famílias de colonos israelenses saíram voluntariamente da Cisjordânia e da Faixa de Gaza nos últimos dias, numa reação positiva ao plano do governo de evacuar 25 assentamentos em agosto e setembro. Os líderes dos colonos garantem que organizarão uma férrea resistência ao desmantelamento de todos os 21 assentamentos em Gaza e de quatro na Cisjordânia. Porém, se o número de famílias que deixam suas casas voluntariamente aumentar muito até 15 de agosto, quando termina o prazo estabelecido pelo governo, os opositores da retirada ficariam enfraquecidos.

Gabinete rejeita proposta para adiar retirada

Segundo moradores, das oito famílias que saíram desde quinta-feira, duas viviam em Gaza e seis na Cisjordânia. As mudanças coincidem com as férias de verão nas escolas israelenses, iniciadas em junho.

Ontem, o Gabinete israelense rejeitou uma proposta para adiar por seis meses a retirada de Gaza. As contínuas disputas sobre a adoção da medida evidenciaram a rivalidade política entre o primeiro-ministro Ariel Sharon, mentor da proposta, e o ministro de Finanças, Benjamin Netanyahu, ex-premier e principal adversário de Sharon no partido conservador Likud. A vitória de Sharon, que tem apoio de seu principal parceiro de coalizão, o Partido Trabalhista, de Shimon Peres, já era esperada.

O Parlamento votará o tema quarta-feira. Netanyahu, segundo um assessor, não pretende participar da sessão legislativa. Sharon deu sinais de que pode entender a ausência do rival como um voto contra o governo. Comentaristas políticos temem que uma divisão cada vez maior no Likud mergulhe o país numa crise econômica.

Segundo o jornal ¿Yediot Ahronot¿, o desalojamento de oito mil habitantes dos assentamentos poderá prolongar-se por dois dias além da data fixada pela lei, 15 de agosto. Isso porque serão dadas 48 horas adicionais àqueles que não tenham conseguido se mudar no prazo estabelecido.

O plano de retirada é duramente criticado por extremistas judeus. Ontem, os serviços de segurança de Israel puseram coletes à prova de balas nos ministros, depois de receberem ameaças de grupos contrários à evacuação.