Título: APESAR DO DÓLAR FRACO, EXPORTAÇÃO BATE RECORDE
Autor: Ronaldo D'Ercole
Fonte: O Globo, 02/07/2005, Economia, p. 31

Valor de US$10,2 bilhões foi o maior da história para um mês de junho. Saldo da balança ficou em US$4 bi

SÃO PAULO. Mesmo com o dólar atingindo sua menor cotação frente ao real em mais de três anos, as exportações brasileiras alcançaram em junho a cifra de US$10,207 bilhões, novo recorde histórico do país. Como as importações somaram US$6,17 bilhões, o saldo da balança comercial chegou a US$4,03 bilhões no mês passado, outra marca sem precendentes. Os dados foram divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) e revelam que, apesar de algumas adversidades, como a diminuição da safra de soja e o câmbio, o Brasil continua expandindo sua participação no comércio internacional.

- As exportações brasileiras este ano continuarão crescendo a uma taxa duas vezes maior que a velocidade de crescimento das exportações mundiais - disse o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, ao avaliar os números da balança no primeiro semestre. - Nossa meta é alcançar US$112 bilhões em exportações no ano e os números de junho mostraram que já estamos no caminho.

No semestre, vendas externas subiram 23,9%

De janeiro a junho, as exportações já somam US$53,6 bilhões, valor 23,9% maior que o acumulado no mesmo período de 2004 e novo recorde num primeiro semestre. As importações no período alcançaram US$34 bilhões, resultando num saldo comercial de US$19,67 bilhões, igualmente recorde, e 31,1% maior que o superávit do mesmo período de 2004, de US$15,004 bilhões.

No ano, segundo Furlan, o superávit comercial deverá superar os US$35 bilhões. Em 2004, a balança teve superávit de US$33,6 bilhões. Furlan previu também que as exportações devem ficar acima dos US$10 bilhões mensais até dezembro.

- As quantidades exportadas cresceram e pesaram nos resultados de junho, mas a mudança na cultura das empresas nos dá a certeza de que as exportações seguirão crescendo - disse.

Exportações para latinos já superam vendas para EUA

O ministro destacou ainda o fato de que o país continua ampliando suas vendas para mercados não tradicionais. Mencionou os negócios para a África, que cresceram 43,7% no semestre, passando de US$1,84 bilhão em 2004, para US$2,65 bilhões. E as vendas para o Leste da Europa, que saltaram de US$1 bilhão de janeiro a junho de 2004 para US$1,8 bilhões este ano: 69,2% mais.

Os dados do comércio exterior no primeiro semestre mostram ainda que as exportações para os países da Aladi (Uruguai, Argentina, Paraguai, Chile, Peru, Bolívia, Equador, Colômbia, Venezuela e México) somaram US$11,7 bilhões, superando as vendas para os Estados Unidos, de US$10,9 bilhões no período. É a primeira vez desde 1992 que o bloco latino supera as compras do mercado americano. Assim, a Aladi representa hoje o segundo maior mercado das exportações brasileiras.

Entretanto, Furlan fez questão de destacar que sua pasta continua trabalhando "em providências concretas" para intensificar as vendas brasileiras no mercado americano. O principal destino das mercadorias brasileiras continuou sendo a União Européia, que comprou US$12,7 bilhões do Brasil entre janeiro e junho.

O ministro reconheceu também que o real muito valorizado frente o dólar já afeta as exportações de outros setores, além daqueles intensivos em mão-de-obra, como os de calçados e vestuário.

- Há também sinais de reflexo do câmbio no setor automobilístico - disse.

"Nossas exportações continuarão crescendo duas vezes mais do que a velocidade de crescimento das exportações mundiais"

LUIZ FERNANDO FURLAN

INCLUI QUADRO: O COMÉRCIO EXTERIOR / EXPORTAÇÕES / IMPORTAÇÕES / EVOLUÇÃO DO SALDO COMERCIAL / VARIAÇÃO