Título: Assessores de Maia também estiveram no Rural
Autor: Francisco Leali e Gerson Camarotti
Fonte: O Globo, 16/07/2005, O País, p. 13

Pefelista foi quem denunciou que funcionários de deputados petistas visitaram agência onde Valério tem conta

BRASÍLIA. O líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), que anteontem denunciou a entrada de assessores de deputados petistas na agência do Banco Rural em Brasília, também pode ser investigado pela CPI dos Correios. Dois assessores do pefelista estão na lista de pessoas que visitaram a agência do Rural, instituição onde o publicitário Marcos Valério de Souza tem contas e de onde foram sacados R$21 milhões entre 2003 e 2005, segundo o relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

Um dia antes de fazer a denúncia, o próprio líder do PFL enviou ao presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), um ofício reconhecendo que os servidores Jairo Antônio Gomes e Antônio de Souza Filho foram ao Banco Rural. Entre 2003 e 2005, os funcionários de Maia teriam ido pelo menos 15 vezes ao banco.

Em apenas duas vezes as visitas dos assessores coincidem com datas de saques em dinheiro nas contas das empresas de Marcos Valério no Banco Rural, conforme relatório do Coaf. Em 16 de julho de 2003, foram sacados R$150 mil e em 12 de agosto de 2004 foram sacados R$437 mil.

Deputado anexou pagamentos feitos no Rural

Para desvincular seus assessores de envolvimento com o pagamento de mensalão, o deputado anexou recibos de pagamentos feitos no Rural referentes a despesas com combustível no posto Megaverão. Os 20 recibos são do período de maio de 2003 a março de 2005.

Rodrigo Maia disse ontem que a reação irritada dos petistas - alguns chegaram a propor abertura de processo por quebra de decoro no Conselho de Ética - ao cruzamento de visitas de seus assessores e familiares à agência do Banco Rural no Brasília Shopping mostra que o partido não quer a apuração dos fatos e tenta calar a oposição.

- Não tentem me colocar na mesma lama do PT. A corrupção é deles. A ida dos meus assessores já está explicada à CPI, mas alguns assessores deles não justificaram. A reação deles não é a de quem quer investigar o sistema de corrupção.

Petistas querem cassação de pefelista

CPI pode ter achado outro elo entre saques no Rural e o PTB

BRASÍLIA. O deputado Sigmaringa Seixas (PT-DF) protocolou ontem na Secretaria Geral da Câmara representação pedindo a cassação do mandato do líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia, por abuso de prerrogativa e quebra de decoro parlamentar. Outros três deputados petistas também vão tentar levar Maia ao Conselho de Ética da Casa: Wasny de Roure (DF), Zezéu Ribeiro (BA) e Devanir Ribeiro (SP).

Os quatro foram citados no levantamento feito por Maia sobre a suposta ida de assessores de petistas ao Banco Rural, em Brasília. O levantamento incluiu, de forma errada, homônimos de assessores de Wasny, Devanir e Vicentinho (SP). Os documentos de identidade não batem com os dos assessores destes deputados. No caso de Sigmaringa, a assessora foi ao banco para retirar R$400 por um serviço pessoal que prestou ao deputado.

Além de Sigmaringa, outros quatro petistas citados no levantamento - João Paulo Cunha (SP), Paulo Rocha (PA), Zezéu e Paulo Delgado (MG) - apresentaram justificativas para a ida de seus assessores à agência.

Depois de começar a investigar o motorista Alexandre Chaves Rodrigues, funcionário do PTB, que esteve na agência do Banco Rural onde foram feitos saques das contas de Valério, a CPI dos Correios pode ter encontrado outro elo entre as retiradas em dinheiro e o PTB. Apontado como um homônimo do funcionário do gabinete do deputado Vicentinho, Jair dos Santos é ligado ao ex-presidente do PTB José Carlos Martinez, morto em outubro de 2003.

Legenda da foto: LUIZINHO E MAIA: "Não tentem me colocar na mesma lama do PT"