Título: DISCURSO É PELA APURAÇÃO MESMO DENTRO DE CASA
Autor: Lydia Medeiros
Fonte: O Globo, 24/07/2005, O País, p. 13

Não é possível ter um sistema de auto-preservação¿, diz Fruet

BRASÍLIA. Até para não passar recibo ao adversário e deixar prevalecer a versão de que a lama respinga em todos os partidos, o PSDB, apesar da inquietação, engrossou a voz e unificou o discurso de defesa da investigação profunda das denúncias. Para o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), acabou o tempo de guerrilha. Ele afirma que não é possível abafar os fatos nem ter receios:

¿ Não é possível ter um sistema de auto-preservação, porque enfraquece a força da argumentação. Mas é preciso entender que se montou nesse governo um grande esquema de financiamento. Pode ter havido outro no governo passado. Mas foi outro, não este. Se aparecer alguém, vamos apurar. Não se trata de não ser solidário, mas vamos apurar ¿ analisa Fruet.

No PFL, a orientação é a mesma, segundo o líder do partido no Senado, Agripino Maia (RN):

¿ O PFL não vai proteger ninguém.

Os pefelistas também foram alvejados pelo adversário com a revelação dos R$102 mil doados pela Usiminas para o deputado e ex-ministro da Previdência Roberto Brant, também sacados da conta da SMP&B. O partido aceitou a explicação do parlamentar e elogiou sua decisão de retificar a prestação de contas à Justiça Eleitoral.

ACM destoa do partido e concentra ataques em Lula

Mas há divergências internas. No PFL, há diferentes entonações para tratar da crise. Sem meias palavras, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) tem falado alguns decibéis mais alto que o tom do líder. Várias vezes acusou o presidente Lula de saber de todas as irregularidades, em ataques duros.

Outra marca da união da oposição foram as ações apresentadas ao TSE contra o PT. Em nome dos partidos, Agripino e Arthur Virgílio pediram a suspensão dos repasses do Fundo Partidário, depois da revelação de que contratos com estatais eram dados como garantia a empréstimos feitos por Valério. As divergências internas, porém, continuam. O senador baiano Cesar Borges, aliado de Antonio Carlos Magalhães, foi além e pediu simplesmente a cassação do registro do PT.

No PSDB, a situação é a mesma. A linha oficial recomenda a ênfase na investigação e nenhuma proposta de mudança nas regras eleitorais em vigor. Há dissidências. O deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) anunciou que para evitar o aprofundamento da crise e um eventual impeachment de Lula, vai propor emenda constitucional antecipando as eleições de 2006 de outubro para o início do ano.

Outra idéia foi abortada: o senador Tasso Jereissati (CE) queria acabar com o instituto da reeleição já em 2006. Foi convencido a refazer o projeto, sugerindo o fim da reeleição apenas em 2010.