Título: GOVERNO PREVÊ CRESCIMENTO MENOR DO PAÍS, DE 3,4%, E INFLAÇÃO MAIOR: 5,57%
Autor: Eliane Oliveira
Fonte: O Globo, 27/07/2005, Economia, p. 24

Revisão de estimativas feitas pelo Planejamento reflete desaceleração este ano

BRASÍLIA. O Ministério do Planejamento traçou ontem um cenário mais pessimista para a economia brasileira, em seu terceiro relatório de avaliação das receitas e despesas do Orçamento de 2005. Para este ano, a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas no país) foi revisada de 4% para 3,4%, e a estimativa do total da receita primária para o ano caiu R$661,1 milhões em relação ao cálculo anterior, já descontadas as transferências constitucionais para estados e municípios. Apesar da esperada queda na arrecadação, os técnicos informaram que poderão descontingenciar R$509 milhões em despesas de custeio e investimentos.

Essa expansão menor do PIB reflete o desaquecimento da atividade econômica. Pelo relatório divulgado ontem, as receitas administradas serão as mais atingidas pela queda na arrecadação. Trata-se de uma categoria contábil que reúne tributos vinculados à produção, como o Imposto de Importação, que deverá registrar uma perda de R$722 milhões; o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), que terá R$905 milhões a menos; e a Cofins, com queda de R$919 milhões. O mesmo não se aplica ao Imposto de Renda, com R$1,283 bilhão a mais, e à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), com um acréscimo de R$465 milhões.

Ainda segundo o relatório, a estimativa de inflação medida pelo IPCA foi revista de 5,1% para 5,57%. Já a projeção para o IGP-DI caiu de 6,97% para 4,04%. Quanto ao PIB, o documento aponta uma queda de R$1,972 trilhão para R$1,951 trilhão. A revisão bimestral é uma determinação prevista na Lei de Responsabilidade Fiscal.

Relatório projeta redução do déficit da Previdência

No segundo bimestre deste ano, o governo liberou R$773 milhões de um total contingenciado do Orçamento de R$15 bilhões. Com a revisão do PIB, a meta de resultado primário do governo central (economia para pagamento de juros feita por Tesouro, Banco Central e Previdência) deste ano foi reduzida em R$500 milhões, para R$46,455 bilhões.

Um dado positivo diz respeito à projeção para o déficit da Previdência, reduzido em R$622,5 milhões em 2005 devido, segundo o Planejamento, à expressiva arrecadação verificada em junho último. O ganho, no entanto, foi parcialmente compensado pela elevação das despesas de execução obrigatória, no valor de R$279 milhões. Isso se deveu, conforme o relatório, ao crescimento dos gastos com pessoal, provocado pelos reajustes salariais para magistrados do Ministério Público da União e pela revisão na despesa anual com abono salarial.

inclui quadro: conheça as projeções