Título: COMÉRCIO COM EUA CRESCE SEM A ALCA
Autor: Eliane Oliveira
Fonte: O Globo, 30/07/2005, Economia, p. 26

Dados do governo americano mostram que superávit do Brasil subiu quase 200% até maio

BRASÍLIA. A falta de um acordo entre os países do hemisfério para a criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) não preocupa o governo brasileiro, que desde o início de 2003 - quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu - passou a ter uma posição mais hesitante em relação ao tratado, diante das divergências com os Estados Unidos. Esta foi a mensagem passada ontem, pelo Itamaraty, ao divulgar a balança comercial Brasil/EUA de janeiro a maio deste ano.

Os dados foram fornecidos pelo governo dos EUA. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, mesmo sem a Alca, o superávit comercial brasileiro cresceu quase 200% em relação aos cinco primeiros meses de 2004. As exportações brasileiras para o mercado americano aumentaram 34,5% e as importações, 0,17%.

Pelo levantamento, as exportações para os EUA aumentaram mais do que as vendas globais do Brasil (27,94%). O total exportado para o mercado americano nos cinco primeiros meses de 2005 foi de US$9,7 bilhões.

No mesmo período, o Brasil comprou US$5,88 bilhões dos EUA, apesar da valorização do real frente ao dólar. O superávit brasileiro passou de US$1,32 bilhão de janeiro a maio de 2004 para US$3,81 bilhões este ano.

Para o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, no entanto, é preciso cuidado com os números, que, por uma questão de metodologia, diferem dos fornecidos pelo Brasil. Segundo ele, pelos dados oficiais do Brasil, as exportações para o mercado americano cresceram 58% de janeiro a maio deste ano.

- Se os EUA dizem que estarmos vendendo muito para lá não é bom. Eles podem usar isso como justificativa para, por exemplo, tirar alguns produtos brasileiros do Sistema Geral de Preferências (SGP, regime que permite a redução de tarifas de importação de produtos de países em desenvolvimento) - disse Castro.

Já a coordenadora da área de negociações internacionais da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Soraia Rosar, o resultado não surpreende por duas razões: a economia americana é bastante aberta e o Brasil tem feito um grande esforço exportador.

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