Título: UNE já recebeu R$1,1 milhão do governo este ano
Autor: Bernardo de la Peña
Fonte: O Globo, 07/08/2005, O País, p. 17

Aliada da gestão petista, entidade ganhou este ano quase o dobro dos recursos recebidos em 2003 e 2004

BRASÍLIA. Mais moderados, os caras-pintadas, estudantes que lotaram as ruas durante o processo de impeachment do presidente Fernando Collor de Mello, já não são os mesmos. A União Nacional dos Estudantes (UNE) pretende levar os caras-pintadas de volta às ruas no dia 16, em Brasília, mas agora sem manifestações contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A entidade está convocando os estudantes para um ato contra a corrupção e pela reforma política. Aliada histórica dos petistas e do governo, a UNE recebeu este ano, apenas até este mês de agosto, praticamente o dobro dos recursos de 2003 ou 2004: R$1,185 milhão.

Levantamento feito pela assessoria do vice-líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Eduardo Paes (RJ), mostra que apenas em julho a entidade recebeu R$772.900 ¿ mais do que os R$600 mil recebidos em 2003 e que os R$599 mil repassados pelo governo federal em 2004. O dinheiro é referente ao convênio feito entre a UNE e o Ministério da Cultura para a manutenção do Circuito Universitário de Cultura e Arte em São Paulo, Paraná e Campina Grande.

O presidente da UNE, Gustavo Petta, que esteve com o presidente Lula no dia 29 de julho na cerimônia de entrega do anteprojeto de reforma universitária, também recebeu do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) um aporte de R$50 mil no dia 21 de julho. O dinheiro, segundo Petta, foi transferido para a conta da UNE e era referente ao apoio dado pelo CNPq ao congresso anual da entidade, realizado no fim de junho em Goiânia.

Os outros R$413 mil destinados pelo Executivo à UNE este ano também foram usados no congresso, segundo Petta.

¿ É por isso que as bases sociais e populares do Brasil estão fechadas com o Lula. Cada vez mais se caracteriza que o governo Lula é o campeão da pelegada ¿ ataca o tucano Eduardo Paes.

Para ele, não há irregularidade nos repasses, mas o aumento da destinação de recursos mostra que o governo apóia o movimento estudantil.