Título: Valério afirma que tesoureiro da campanha de Azeredo tinha procuração
Autor: Isabel Braga/Demétrio Weber
Fonte: O Globo, 11/08/2005, O País, p. 4

Presidente do PSDB reafirma que desconhecia empréstimos de 1998

BRASÍLIA. No fim de seu depoimento de quase 15 à CPI do Mensalão, o empresário Marcos Valério de Souza disse ontem de madrugada que o senador Eduardo Azeredo, hoje presidente do PSDB, tinha conhecimento do empréstimo de R$9 milhões feito para a coligação que o apoiou em 1998, na disputa pela reeleição em Minas. Segundo Valério, o tesoureiro da campanha, Cláudio Mourão, tinha procuração de Azeredo e ele próprio conversou com o candidato sobre os empréstimos da DNA no Banco Rural.

- O tesoureiro da campanha, Cláudio Mourão, tinha procuração, por escrito, do Azeredo. Com todo respeito e admiração que tenho por Azeredo, tenho que dizer: ele sabia do empréstimo sim - afirmou Valério.

Os tucanos foram à CPI para tentar rebater as acusações de Valério. O líder do partido na Câmara, Alberto Goldman (SP), estava acompanhado de outros quatro tucanos:

- Não posso aceitar que haja comparação entre o que aconteceu em 1998, algo eleitoral, com o que está ocorrendo hoje.

No depoimento de ontem, Valério disse que recebeu calote dos tucanos, mas que pretende cobrar na Justiça apenas sua dívida com o PT. E também tentará reaver contratos de sua empresa com o Banco do Brasil e os Correios, cancelados pelo governo depois da crise.

Operação "semelhante à de todas as disputas eleitorais"

Azeredo divulgou nota ontem reafirmando que desconhecia o empréstimo. O texto diz que o repasse de R$1,8 milhão do valerioduto a políticos que apoiaram a candidatura de Azeredo é uma operação "semelhante à que acontece em todas as disputas eleitorais". Segundo Azeredo, ninguém do PSDB deu aval à transação e ele não cuidava de problemas administrativos da campanha.

"Os valores envolvidos nos dois casos, pela diferença proporcional, são, por si, provas de que as questões são absolutamente diferentes. Os R$1,8 milhão repassados aos apoiadores da campanha de 1998 - semelhante ao que acontece em todas as disputas eleitorais realizadas no país - são infinitamente menores que os propalados R$55 milhões repassados ao PT no caso do mensalão e também para o financiamento de suas campanhas", diz.