Título: CPI INVESTIGA SE VADÃO RECEBEU DINHEIRO DE VALÉRIO PARA A CAMPANHA DE MALUF
Autor: Germano Oliveira/Adauri Antunes Barbosa
Fonte: O Globo, 12/08/2005, O País, p. 20

Deputado que sacou R$3,7 milhões é suspeito de também operar o mensalão

SÃO PAULO. Suspeito de receber R$3,7 milhões da empresa SMP&B de Marcos Valério por ser um dos operadores do mensalão no Congresso, o deputado Vadão Gomes (PP-SP) já foi investigado em 1995 pelo Supremo Tribunal Federal (STF), acusado de envolvimento em desvio de dinheiro público do Departamento Nacional de Cooperativismo e Associativismo (Denacoop), órgão vinculado ao Ministério da Agricultura. Cerca de R$10 milhões destinados a projetos de cooperativismo rural em todo o país teriam sido desviados, de acordo com denúncia do Ministério Público Federal (MPF), para o pagamento de prêmios em festas de peão boiadeiro, principalmente no interior paulista. A denúncia, na qual outras oito pessoas foram investigadas além de Vadão, foi arquivada pelo STF.

A CPI dos Correios investiga se há relação entre o recebimento de R$3,7 milhões por Vadão e a campanha do ex-prefeito Paulo Maluf em 2004. Vadão, presidente estadual do PP, fez saques das contas de Valério nos dias 5 de julho e 16 de agosto de 2004, no meio da campanha de Maluf. A assessoria de imprensa de Maluf divulgou nota ontem repudiando as "tentativas de envolver Paulo Maluf (...) são mentirosas, caluniosas e destituídas de qualquer vestígio de verdade". A assessoria de Maluf lembra que Vadão estava rompido com o ex-prefeito na campanha do ano passado e chegou a tentar impugnar a candidatura malufista à Prefeitura de São Paulo. Vadão queria lançar como candidato o deputado federal Celso Russomano (PP-SP).

Procurado pelo GLOBO ontem, Vadão Gomes não retornou às ligações. Sua secretária disse que ele estava no Senado para entregar documentos.

Cumprindo o quarto mandato de deputado federal, Vadão sofreu outra acusação em junho último. O frigorífico Frigoestrela, do qual é dono, foi investigado pela Secretaria de Direito Econômico (SDE) por formação de cartel. A denúncia, que envolveu 11 empresas, foi feita pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA). As empresas são acusadas de adotarem tabela-padrão de desconto para a comercialização de carnes.

Vadão tem alegado inocência e afastado qualquer possibilidade de renunciar ao mandato.

Legenda da foto: VADÃO: EMPRESA do deputado também foi investigada pela SDE