Título: ISRAEL COMPLETA RETIRADA DE COLÔNIAS
Autor: Renata Malkes
Fonte: O Globo, 24/08/2005, O Mundo/Ciencia e Vida, p. 32

Operação limitada chega ao fim antes do previsto. Bush vê caminho para paz reaberto

HOMESH, Cisjordânia. A retirada forçada dos 25 assentamentos judaicos da Faixa de Gaza e do norte da Cisjordânia terminou ontem em tempo recorde. Após uma semana de resistência, confrontos, choro e muito bate-boca, as Forças Armadas de Israel deram por encerrada a megaoperação, prevista inicialmente para durar três semanas.

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, disse esperar que a retirada leve à retomada de seu Mapa da Paz, e pôs a responsabilidade do sucesso no campo palestino.

¿ Para que o processo continue, deve haver confiança: confiança dos palestinos em que seu governo vai agir; confiança dos israelenses de que um Estado pacífico vai emergir ¿ disse ele.

Por sua vez, o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, telefonou para seu colega israelense, Moshe Katsav, para congratulá-lo pelo final da retirada.

Rabinos pediram que não houvesse resistência

O último dia do plano de retirada do premier Ariel Sharon foi marcado por atritos entre a polícia e manifestantes ultranacionalistas entocados nas colônias de Homesh e Sa-Nur, no norte da Cisjordânia. Segundo o chefe do Comando-Central do Exército, general Yair Naveh, apesar da resistência, a remoção transcorreu em relativa tranqüilidade graças ao trabalho de rabinos que pediam aos jovens que não usassem violência contra os seis mil soldados envolvidos na ação.

Em Homesh, perto de Nablus, apenas 20 das 60 famílias da comunidade continuavam em suas casas. Durante a madrugada, adolescentes infiltrados fecharam o principal acesso ao assentamento, no alto de uma colina, com latas de lixo, ferro-velho e arame farpado, impedindo a entrada da imprensa.

Por volta das 7h, um trator do Exército removeu a barricada, abrindo caminho para as tropas. Crianças corriam pelas ladeiras munidas de pistolas d¿água aguardando a chegada dos soldados. Opositores da retirada espalharam óleo pelas ruas íngremes e enquanto muitos corriam para esconder-se na sinagoga, outros entrincheiravam-se nos telhados entre metros de arame farpado, ameaçando atirar água, tinta, ovos e ketchup nos soldados.

¿ Vocês estão doentes, hipnotizados! Como têm coragem de me expulsar daqui? Arafat teria orgulho de vocês! Espero que as pessoas mortas aqui vítimas do terrorismo voltem para aterrorizá-los em seus piores pesadelos ¿ gritava desesperada a porta-voz da colônia, Limor Hamelech, de 26 anos, que há três perdeu o marido Shuli num atentado a tiros contra o carro em que viajavam.

No assentamento de Sa-Nur, a polícia teve dificuldades em remover dezenas de manifestantes entrincheirados num antigo forte. Recebidos com tinta, tomates e farinha, soldados tiveram de usar guindastes para subir no telhado do prédio e retirar os rebeldes. Segundo a polícia, pelo menos 31 militares foram feridos nos dois assentamentos e 17 colonos, detidos