Título: O PAPEL DE CADA UM NO COMBATE À CRIMINALIDADE
Autor:
Fonte: O Globo, 31/08/2005, Especial, p. 1

Presidente da Firjan conclama a sociedade civil a ajudar a polícia

Opresidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, conclamou ontem a sociedade civil a colaborar com a polícia na luta por mais segurança. A declaração foi feita durante a abertura do quinto seminário da série "Revitalização do Rio", no Centro de Convenções da Firjan. Ele elogiou o exemplo de Dona Vitória, a aposentada de 80 anos que gravou durante dois anos imagens de traficantes e viciados na Ladeira dos Tabajaras, em Copacabana. Graças à iniciativa, já foram presos bandidos e policiais.

-- Existem outras formas de ser a Dona Vitória, de exercer o papel dela. Essa é uma luta do Brasil, do Rio. É uma guerra. E vamos ganhar todos juntos -- disse Eduardo Eugenio.

O empresário destacou que o sistema Firjan está fazendo a sua parte. Lembrou as atividades sociais que as entidades ligadas à indústria promovem em áreas carentes da cidade do Rio, como as favelas da Rocinha, do Jacarezinho, do Complexo do Alemão, do Caju e da Cidade de Deus. Só na Rocinha, já foram alfabetizadas cerca de mil pessoas. Outros 500 moradores da mesma comunidade estão em salas de aula. Além disso, foram firmados convênios com mais de 80 municípios fluminenses.

- Isso é inclusão social. Dar a chance de as pessoas serem alguém e não caírem na marginalidade. É um serviço público da sociedade civil - destacou o presidente da Firjan.

Violência inviabiliza os investimentos

Também durante a cerimônia de abertura do seminário, Luiz Eduardo Vasconcelos, do Conselho de Administração da Infoglobo, pediu a integração das forças de segurança da União, do estado e do município do Rio para o combate eficaz à violência:

- Há pouco tempo houve um entendimento entre a União, o estado e alguns municípios da Baixada Fluminense na área de saúde pública. É preciso radicalizar essa cooperação na área de segurança.

Luiz Eduardo destacou que o poder corrosivo da violência sobre a sociedade é dramático:

- O patrimônio pessoal e das empresas é desvalorizado e isso leva a um aumento do custo dos investimentos e até os inviabiliza. Dá-se um ciclo vicioso: a falta de investimento degrada a vida nas cidades e gera ainda mais violência. No Rio e no Grande Rio, esse processo já é visível há algum tempo - acrescentou Luiz Eduardo.

Como lembrou Luiz Eduardo, o seminário de ontem não foi o primeiro encontro promovido pela Infoglobo sobre violência:

- A razão disso é a consciência que temos dos efeitos extremamente perversos sobre a sociedade de uma crise de segurança pública como a que o Rio vive.

Luiz Eduardo enfatizou que o problema da violência não é uma exclusividade carioca ou fluminense, mas uma questão nacional:

- Assim, se faz necessária uma política nacional integrada de combate à violência e à criminalidade. Política esta que precisa ser multidisciplinar. Além de nacional e multidisciplinar, deve ser articulada nos três âmbitos da administração e nos três poderes - afirmou ele.

Ainda de acordo com Luiz Eduardo, existe a necessidade de uma atuação eficaz do Poder Judiciário, para que não prevaleça a cultura da impunidade.