Título: FRAUDES: PF PEDIRÁ DENÚNCIA CONTRA 24 ACUSADOS
Autor: Dimmi Amora/Maiá Menezes
Fonte: O Globo, 02/09/2005, Rio, p. 17

Relatório lista mais 14 suspeitos de integrar quadrilha responsável por irregularidades em licitações na saúde

A Polícia Federal indiciou mais 14 acusados de integrar a quadrilha de fraudadores do setor de saúde, identificada na Operação Roupa Suja. Com isso, o relatório da PF pedirá ao Ministério Público federal que denuncie um total de 24 pessoas. Dez empresários, lobistas e um ex-prefeito de Goiânia já estão presos desde a quinta-feira passada. Os outros 14 suspeitos incluem funcionários públicos da esfera federal e da Secretaria municipal de Saúde. A quadrilha é acusada de corromper servidores para se beneficiar nas licitações para lavagem de roupas e para fornecimento de insumos para medicamentos.

Hoje vence o prazo para que o Ministério Público federal apresente a denúncia à Justiça contra os acusados. Na semana anterior, foram expedidos mandados de prisão e de busca e apreensão. Nos locais vasculhados, foram encontradas provas de que havia manipulação nas licitações na área de saúde no Rio de Janeiro. Agendas dos acusados com anotações serão usadas como prova de que servidores recebiam propina.

Entre os documentos apreendidos estão tabelas do Sindicato das Empresas de Lavanderia Industrial (Sindilav), com os preços que deviam ser cobrados pelos serviços nos hospitais. Segundo fontes ligadas à investigação, sete empresas ligadas ao Sindilav prestavam serviços a 31 unidades de saúde da prefeitura do Rio.

Secretaria diz que aguarda fim das investigações

Nas tabelas estão descritos os valores máximo e mínimo que cada empresa podia cobrar. A diferença entre um e outro não passava de 2%. Para manter as empresas vencendo as licitações, funcionários da Secretaria municipal de Saúde recebiam propina. Funcionários de laboratórios que compravam insumos dessas empresas também são acusados de receber propina.

Os vencedores das licitações eram decididos em encontros dos donos dessas empresas. Algumas dessas reuniões foram gravadas, com autorização judicial, com microfones ocultos. A Secretaria municipal de Saúde informou que vai aguardar o resultado das investigações para se pronunciar sobre o caso.

Sindicalistas indiciados

O delegado titular da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco), Milton Olivier, indiciou na terça-feira por formação de quadrilha e denúncia caluniosa sete associados do Sindicato dos Empregados em Estabelecimento de Serviços de Saúde do Rio de Janeiro.

A polícia concluiu que o grupo encaminhava de maneira anônima a diversas autoridades, entre elas o Ministério Público e as polícias Civil e Militar, uma série de denúncias infundadas contra a atual administração com o objetivo de tirar vantagens nas próximas eleições do sindicato. Dois dos sete acusados, Antonio Carlos Batista de Souza e Sérgio Alves do Carmo, foram indiciados ainda pelo crime de extorsão.