Título: RISCO-PAÍS CAI AO MENOR NÍVEL EM OITO ANOS COM CAPTAÇÃO EXTERNA DO GOVERNO
Autor: Patrcia Eloy
Fonte: O Globo, 16/09/2005, Economia, p. 24

Taxa fica em 368 pontos centesimais. Dólar recua 1,42%, para R$2,296

RIO, BRASÍLIA e FRANKFURT. O mercado financeiro brasileiro viveu ontem um dos dias mais tranqüilos dos últimos meses, com os principais indicadores próximos de seus recordes. O início do ciclo de cortes na taxa básica de juros (Selic), o anúncio de uma nova captação do governo brasileiro no exterior, emissões de US$800 milhões em títulos de empresas nacionais no exterior e a cassação do mandato do deputado Roberto Jefferson animaram os investidores. O risco-Brasil caiu 3,66%, para 368 pontos centesimais, o mais baixo patamar do indicador da confiança dos investidores estrangeiros no país desde o dia 22 de outubro de 1997 (quando a taxa ficou em 337 pontos).

A expectativa de entrada no mercado dos recursos captados no exterior fez o dólar cair 1,42%, cotado a R$2,296 para venda, mais próximo da mínima do ano, de R$2,280, registrada no dia 10 de agosto.

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) também flertou com seu recorde histórico. Ontem, a forte alta das ações fez o Índice Bovespa ¿ que reúne os papéis mais negociados ¿ atingir, na máxima do dia, 29.561 pontos, acima do recorde de 29.455 pontos registrado no dia 7 de março deste ano. No fechamento, porém, recuou para 29.366 pontos, uma valorização de 1,09%.

FMI elogia melhora na estrutura da dívida do Brasil

O anúncio de que o governo brasileiro havia contratado os bancos americanos JP Morgan e Goldman Sachs para conduzir sua primeira captação externa em títulos denominados em reais agradou aos investidores, pois mostra que há demanda pelos papéis do país no exterior, o que deve favorecer a emissões privadas. A operação ¿ que, na estimativa dos analistas, seria de R$500 milhões ¿ ainda está em andamento.

O objetivo do governo é melhorar seu perfil de pagamentos futuros e reduzir sua exposição ao risco cambial. Isso porque, neste tipo de operação, o risco de uma desvalorização cambial passa a ser dos investidores, que teriam menos moeda estrangeira a receber no vencimento do título. No vencimento do papel, os investidores receberão os recursos em reais e então poderão converter os recursos em moeda estrangeira pela taxa de câmbio do dia. Se houver desvalorização do real desde o lançamento do título, o investidor poderá ter perdas.

Ontem, a Gerdau emitiu US$600 milhões em bônus perpétuos (ou seja, sem data para resgate). Já a Odebrecht vendeu US$200 milhões também em títulos perpétuos.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) elogiou ontem a melhora nas estruturas da dívida externa de Brasil, México e Venezuela, que teve o objetivo de reduzir a vulnerabilidade de suas economias. Em estudo apresentado ontem na Alemanha, o Fundo ressaltou que o Brasil ¿progrediu significativamente em reduzir o montante da dívida interna vinculada ao dólar¿ e melhorou gradualmente o seu perfil de vencimento.

(*) Com agências internacionais

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