Título: Caso de amor com o poder
Autor: Graça Magalhaes - Ruether
Fonte: O Globo, 18/09/2005, O Mundo, p. 38

BERLIM. No começo de seu primeiro governo, Gerhard Schroeder, de 61 anos, chegou a cometer muitas gafes, como a de posar para uma revista usando um terno da marca Brioni, ou fumando charutos Cohiba, produtos proibitivamente caros para os social-democratas que o elegeram.

Mas Schroeder já mostrou nessa primeira crise que é mestre em aproveitar os temas que ocupam a opinião pública para resolver seus problemas. Com algumas ações como ¿salvador de firmas em falência¿ e com críticas ao governo dos EUA, por ocasião da discussão sobre a guerra do Iraque, fez a maioria esquecer os tropeços do início.

Como disse sua mulher, a jornalista Doris Schroeder-Köpf, os momentos da campanha, do contato direto com os eleitores, são os mais amados pelo chanceler ¿ que prefere essa proximidade à solidão no topo do poder.

Schroeder decidiu já em 1990, quando foi eleito pela primeira vez governador da Baixa Saxônia, que queria ser chanceler federal da Alemanha. Em 1998, teve finalmente sua chance.

Se perder hoje, Schroeder já disse que não vai ter tempo para o tédio. Com sua quarta esposa, Doris, realizou o sonho de ser pai, adotando uma criança russa de 3 anos, Viktoria, que já foi visitada na casa da família, em Hannover, pelo seu compatriota Vladimir Putin, amigo de Schroeder. (Graça Magalhães-Ruether)